Biden promoverá plano de infraestrutura após semana de derrotas

Confrontado com as provocações de Coreia do Norte e Rússia, uma inflação recorde, aumento de hospitalizações pela covid-19 e o naufrágio legislativo de uma importante reforma eleitoral, Joe Biden vive uma semana complicada para sua Presidência.

Nesta sexta-feira (14), em uma tentativa de retomar o curso, Biden protagonizará um evento para promover seu gigantesco plano para reconstruir a infraestrutura dos Estados Unidos.

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"O governo obteve um progresso-chave para a implementação do maior investimento de longo prazo em infraestrutura e competitividade nos Estados Unidos em quase um século", disse a Casa Branca em comunicado.

Em 15 de novembro, Biden promulgou o plano de investimento de 1,2 trilhão de dólares para estradas, pontes, terminais para veículos elétricos e mais. Na época, vangloriou-se do apoio da senadora democrata Kyrsten Sinema, que sorria a seu lado.

Ontem, no entanto, a mesma Sinema enterrou em poucas palavras, na tribuna do Senado, a importante reforma eleitoral com que Biden prometia proteger o acesso às urnas dos afro-americanos frente às restrições impostas por certos estados conservadores do sul.

A reforma é um símbolo da mudança que Biden tenta promover: em dois discursos recentes, o presidente advertiu sobre o perigo que, na sua opinião, a democracia americana está correndo. E fez ataques de virulência sem precedentes contra o seu antecessor, o republicano Donald Trump, e contra a oposição em geral.

A liderança democrata previa a aprovação dos dois projetos de lei eleitorais por maioria simples, evitando o filibusterismo, ou seja, a regra da Câmara Alta que requer 60 votos de 100 para dar luz verde aos projetos.

Contudo, conseguir a maioria simples também é complicado para os democratas, pois o Senado está dividido meio a meio (50 a 50), o que lhes dá como vantagem apenas o voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris.

Sem os votos de Sinema e de Joe Manchin, outro senador democrata "rebelde", a tentativa de suspender o filibusterismo está condenada ao fracasso, assim como a reforma eleitoral.

Além disso, na mesma quinta-feira, a Suprema Corte anulou um requisito de vacinação anticovid que o presidente queria impor às grandes empresas, e o conselheiro de Segurança Nacional admitiu em entrevista coletiva que, mesmo depois de um intenso "balé" diplomático com a Rússia, a ameaça de um novo conflito na Ucrânia ainda não havia se dissipado.

Um dia péssimo no meio de uma semana calamitosa que mostra com dureza que Biden, que tomou posse há pouco menos de um ano, fez promessas muito grandes com pouquíssima margem de manobra. Seu controle do Congresso está por um fio e ele ainda tem que lidar com uma Suprema Corte que se tornou bastante conservadora.

Na frente econômica, a inflação nos Estados Unidos alcançou seu nível mais alto desde 1982. E o país bateu o recorde de hospitalizados por covid-19. Além disso, a nova onda do vírus está esvaziando as prateleiras dos supermercados devido aos problemas recorrentes de desabastecimento, desde o início da pandemia em março de 2020.

Nesta sexta-feira, a Coreia do Norte realizou o terceiro teste de mísseis deste ano, um novo motivo de tensão no momento em que os Estados Unidos acabam de impor novas sanções financeiras por lançamentos anteriores.

A tudo isso se somam as pesquisas que, uma atrás da outra, confirmam a forte impopularidade do presidente. De acordo com a sondagem da Universidade de Quinnipiac publicada na quarta-feira, apenas 33% dos entrevistados aprovam a gestão Biden. A maioria das pesquisas de opinião registra um índice de confiança de 42%, em média.

Nesse sentido, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, tem se esforçado para mostrar o copo meio cheio.

"Mais de 200 milhões de pessoas estão vacinadas [contra a covid-19]. Tivemos uma geração de emprego recorde e taxas de desemprego historicamente baixas no último ano. Reconstruímos nossas alianças e nossas relações em todo o mundo", enfatizou ontem a porta-voz.

Psaki também reconheceu a pequena margem de ação do governo no Senado, mas garantiu que o presidente seguirá apoiando projetos "difíceis".

"Certamente poderíamos propor leis sobre se as pessoas apoiam coelhinhos e sorvetes, mas isso não seria muito gratificante para o povo americano", ironizou.

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