Biden batalha para salvar reforma sobre acesso ao voto

O presidente Joe Biden se reuniu, na quinta-feira (13) à noite, com dois senadores de seu partido para tentar resgatar dois projetos de lei sobre o acesso das minorias ao voto, em um dia em que sua estratégia anticovid também sofreu um revés.

Para Biden, os dois projetos de lei são necessários para salvar a democracia, depois de uma série de leis promulgadas em nível local pelos republicanos para, segundo ativistas, dificultar o voto de eleitores negros e de outras minorias, predominantemente democratas.

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É uma reforma dada ao fracasso, devido ao apoio insuficiente em suas próprias fileiras.

Os dois principais senadores que resistem, Joe Manchin, da Virgínia Ocidental, e Kyrsten Sinema, do Arizona, foram à Casa Branca no final do dia.

O encontro com o presidente, que durou uma hora e 20 minutos, foi "uma troca de opiniões amigável e respeitosa sobre o direito ao voto", resumiu um funcionário do governo.

Antes disso, Biden foi ao Capitólio para tentar convencer seu partido a aderir. Na saída, parecia derrotado. "Espero que consigamos, mas não tenho certeza", disse.

Biden foi ao Congresso especificamente para tentar convencer os democratas a concordarem com mudanças na regra de obstrução ("filibuster") do Senado. Com isso, seria possível aprovar os projetos, apesar da forte oposição republicana.

Mesmo antes de almoçar com os congressistas, a senadora democrata Kyrsten Sinema já havia dito, porém, que, embora apoie os projetos, não concorda com a mudança do mecanismo.

Sinema alegou que ignorar a obstrução, a qual exige uma maioria de 60 de 100 votos e, portanto, algum apoio republicano para um projeto de lei democrata, aprofundará a "espiral infernal de divisão".

"Proteger nossa democracia" é algo que "não pode ser alcançado por meio de um único partido", afirmou.

Mais tarde, Manchin também deixou claro que se opunha a quebrar a obstrução, embora apoie os projetos de lei. A menos que ambos mudem de ideia, as medidas parecem condenadas.

Faltando uma semana para completar um ano de mandato, o índice de popularidade de Biden está abaixo de 40%, e os republicanos estão bem posicionados para assumir o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato ("midterms") que serão realizadas em novembro.

"O que está em jogo é nada menos do que nossa democracia", declarou a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, uma importante aliada de Biden.

Ironicamente, em um momento de divisões implacáveis entre os partidos, os republicanos não são o maior problema de Biden.

Os democratas controlam o Senado por apenas um voto, e isso não é suficiente, sob as regras atuais, para aprovar a maioria das leis.

O obstrucionismo permitiu aos republicanos dificultar o trabalho dos democratas no Senado nos últimos 12 meses.

Desta vez, Biden pediu que seu partido criasse uma exceção para mudar temporariamente a regra e votar em projetos de lei eleitorais por maioria simples, ignorando os republicanos.

O problema é que mudar a regra exigiria a aprovação unânime dos democratas e, até agora, Sinema e Manchin se mantêm firmes em sua posição.

Um cenário semelhante ocorreu há um mês, quando o pacote social e climático de US$ 1,7 trilhão afundou, porque Manchin se recusou a apoiá-lo.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que os americanos vão aplaudir Biden por pelo menos tentar.

Com seu prestígio em jogo, Biden se encontra, porém, em uma situação embaraçosa.

Muitos afro-americanos votam nos democratas. Alguns líderes influentes já criticaram o presidente por fazer pouco - e tarde demais - sobre as leis eleitorais. O tema é especialmente sensível nos Estados Unidos, em razão da história de racismo e das tentativas de se restringir o voto da população negra.

Ao mesmo tempo, os republicanos acusam Biden de ter abandonado suas raízes centristas e de ter ido para a "extrema esquerda".

O discurso de Biden na Geórgia na terça-feira (11), quando declarou que as leis de acesso ao voto são uma ferramenta vital na preservação dos direitos democráticos, foi "divisivo" e "pura demagogia", criticou o senador republicano Mitch McConnell.

O segundo golpe do dia para o presidente foi dado pela Suprema Corte e foi igualmente doloroso. A mais alta instância do Judiciário americano decidiu contra a obrigatoriedade da vacina anticovid-19 em grandes e médias empresas, uma medida considerada fundamental pelo governo para controlar a propagação da variante ômicron no país.

sms/erl/mr/tt

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