Biden e Trump se enfrentam à distância, um ano após o ataque ao Capitólio

Adversários no passado e talvez no futuro, Joe Biden e Donald Trump vão depor separadamente nesta quinta-feira (6), um ano após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio.

O ex-presidente republicano foi o primeiro a anunciar que daria uma entrevista coletiva de sua mansão na Flórida. E afirmou: "Lembre-se que a insurreição aconteceu no dia 3 de novembro", dia das eleições presidenciais que o republicano afirma, sem a menor prova, ter vencido. De acordo com as pesquisas, a maioria dos apoiadores republicanos também pensa assim.

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Trump, que perdeu as eleições de 2020 por mais de sete milhões de votos para o democrata Biden, não pretende ser discreto, apesar da investigação parlamentar que tenta esclarecer se ele e seu entorno desempenharam algum papel neste ataque que chocou os Estados Unidos.

Muito pelo contrário: o ex-presidente busca uma cisão no seu partido e afastar todos aqueles que não apoiam o seu discurso de que as eleições foram roubadas.

"Pode-se dizer que o comportamento de Trump não tem precedentes na história americana. Nenhum ex-presidente tentou tanto desacreditar seu sucessor e o processo democrático", avalia Carl Tobias, professor de direito da Universidade de Richmond.

Já Biden insiste em que a democracia americana está em um "ponto de inflexão" e que ele pode salvá-la. Desde que foi eleito, relutou em enfrentar o "outro", fórmula usada por Biden e pela Casa Branca para evitar nomear quem, talvez, terá que se enfrentar novamente nas eleições de 2024.

Oficialmente, Biden pretende concorrer novamente e o republicano dá a entender que considera a possibilidade.

Para Lara Brown, professora de ciência política da George Washington University, "o presidente e a vice-presidente (Kamala) Harris não podem entrar neste campo de 'ataque verbal direto' porque eles não querem dar a impressão de uma 'caça às bruxas'" orquestrada pela Casa Branca, como Trump costuma dizer.

Segundo Biden, a melhor forma de enfrentar Trump seria reconciliar a classe média americana com a democracia representativa, garantindo empregos, poder de compra e serenidade diante da globalização.

Mas o presidente demora a alcançar os resultados esperados: os Estados Unidos sofrem uma nova onda da pandemia, suas reformas sociais estão paralisadas no Congresso, o custo de vida está aumentando...

Rachel Bitecofer, uma estrategista próxima ao campo democrata, acredita que Biden deveria enfrentar Trump e o Partido Republicano de forma mais direta.

Diante de um Trump que acaba de endossar o líder húngaro ultraconservador Viktor Orban em um comunicado, "devemos ser muito francos sobre o que isso significa", diz.

É, segundo Bitecofer, uma forma do ex-presidente transmitir "o que ele quer para os Estados Unidos e não é um futuro democrático".

Mas "há relutância em reconhecer o quão forte é o ataque da direita à democracia", diz ela.

"As ameaças atuais contra a democracia são reais e preocupantes", diz Carl Tobias, mas "os Estados Unidos superaram crises muito mais perigosas, especialmente a Guerra Civil".

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