Advogado do príncipe Andrew argumentam que acusadora 'renunciou a seus direitos'

Os advogados do príncipe Andrew da Inglaterra pediram nesta terça-feira (4) o arquivamento de uma denúncia civil por "agressões sexuais", apresentada por uma americana em Nova York por fatos que datam de 2001, quando ela era menor de idade, pois a acusadora "renunciou a seus direitos" em um acordo.

A defesa do príncipe se apoia em um acordo de restituição e exoneração assinado em 2009 entre a demandante, Virginia Giuffre, e Jeffrey Epstein, o consultor financeiro que se suicidou em 2019 na prisão, quando esperava seu julgamento por crimes sexuais.

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Os advogados argumentam que o acordo também "protege" outros "potenciais acusados" do círculo de Epstein, inclusive o principe Andrew.

Giuffre "renunciou a seus direitos para apresentar uma demanda contra eles quando assinou o acordo de 2009 e aceitou o dinheiro de Epstein", argumentou um deles, Andrew Brettler, em audiência virtual no tribunal federal de Manhattan, que conduz o caso.

Em sua denúncia civil, apresentada em agosto, Giuffre, de 38 anos, afirma que o príncipe "a agrediu sexualmente" em três ocasiões em 2001 - quando ela tinha 17 anos e se chamava Virginia Roberts - em Londres, Nova York e nas Ilhas Virgens, nos Estados Unidos. Nestes locais, dois amigos do príncipe Andrew envolvidos em escândalos sexuais, o bilionário americano Epstein e a britânica Ghislaine Maxwell.

Epstein, de 66 anos, morreu aguardando julgamento em uma prisão de Manhattan em 2019, no que um legista considerou suicídio, após ser acusado de tráfico sexual de menores.

Maxwell, que apresentou o príncipe Andrew a Epstein no início dos anos 1990, pode pegar dezenas de anos de prisão depois se for considerado culpado por um júri de Nova York de cinco das seis acusações contra ela.

Virginia Giuffre, que não fez parte da acusação no julgamento de Maxwell, declarou-se satisfeita com a sentença e disse que espera que outros "sejam responsabilizados", referindo-se ao príncipe Andrew, de quem ela cobra uma compensação financeira.

O príncipe de 61 anos, que não é processado por acusações criminais, nega "categoricamente" ter atacado Virginia Roberts naquela época e garante que não se lembra dela.

No âmbito civil, seus advogados estimam que o príncipe pode escapar da Justiça graças a um acordo selado em 2009 entre Epstein e Virginia Giuffre, que também foi vítima do bilionário.

Na segunda-feira, os magistrados de Nova York tornaram público o acordo, até agora confidencial, segundo o qual Epstein teria pago meio milhão de dólares a Giuffre. De acordo com a transação, assinada na Flórida há 12 anos, Giuffre prometeu não denunciar Epstein ou "outros possíveis réus" ao seu redor.

Como se esperava, a defesa de Andrew argumenta que este acordo protege seus cliente, embora no texto não apareçam nem seu nome nem o título de nobreza do duque de York.

Em contrapartida, os advogados de Virginia Giuffre argumentam que o príncipe não está "coberto" pelo acordo, porque este "não o cita" e porque a parte interessada "nem sabia da sua existência" em 2009.

Entrevistado pela AFP, o professor de direito da Universidade de Pace, Bennet Gershman, informou esperar que o juiz rejeite a postura da defesa do príncipe.

"Estão dizendo que todo mundo deveria ficar livre segundo este acordo? É difícil de vender", disse.

Os advogados do príncipe também acusaram Giuffre e tentar tirar projeito de um "processo infundado".

Suas tentativas para deter o curso da ação alegando que Giuffre agora mora na Austrália foram indeferidas pela justiça americana na sexta-feira.

Os advogados da demandante exigiram os registros médicos de Andrew, que provem que o príncipe não conseguia suar por causa de uma rara condição relacionada a seu serviço em combate nas Ilhas Malvinas, em 1982, e devido a uma excessiva secreção de adrenalina na ocasião.

Isto devido a uma entrevista desastrosa com a BBC em 2019, em que o príncipe negou afirmações de Giuffre de que teria compartilhado com ele uma dança suarenta em uma boate londrina, pois ele não transpiraria mais.

Várias fotos, muito divulgadas, são conta da proximidade entre o príncipe Andrew, Epstein, Maxwell e Giuffre. Sobretudo, uma de 2000 em que Epstein, Maxwell e o príncipe Andrew aparecem durante uma caçada no leste da Inglaterra. Outra foto mostra o príncipe Andrew e Giuffre abraçados pela cintura, sorridentes, com Maxwell ao fundo.

O príncipe Andrew, mergulhado no escândalo há mais de dois anos, teve que deixar a primeira linha da realeza britânica e retirou-se da vida pública.

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