Líder norte-coreano diz que alimentos e economia serão prioridade em 2022

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, colocou a economia no centro das prioridades de seu país para 2022, em discurso para definir a agenda nacional em que não citou os Estados Unidos.

Seu discurso na plenária do Partido dos Trabalhadores da Coreia concentrou-se no desenvolvimento e na produção de alimentos, informou a mídia estatal neste sábado (1º).

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O empobrecido país, que possui armas nucleares, mantém um bloqueio rígido devido ao coronavírus, o que atingiu sua economia e provocou escassez de alimentos.

Em seu discurso de encerramento da plenária, Kim reconheceu na sexta-feira (31) a "terrível situação" de 2021 ao definir os planos para este novo ano, informou a agência de notícias estatal KCNA.

Ele descreveu os desafios de 2022 como "uma grande luta de vida ou morte" e definiu a "importante tarefa de fazer um progresso radical na solução do problema da alimentação, vestuário e moradia para as pessoas", segundo a KCNA.

A pandemia e o fechamento da fronteira causaram em 2020 a maior contração econômica do Norte em duas décadas, segundo o banco central sul-coreano.

Diante da perspectiva de uma crise alimentar, um especialista em direitos humanos da ONU alertou em outubro que os países mais vulneráveis estavam "sob risco de fome".

Kim, que chegou ao poder há pouco mais de uma década após a morte de seu pai Kim Jong-Il, indicou na reunião do partido que combater a pandemia é uma prioridade no próximo ano.

"O trabalho de emergência para prevenção de epidemias deve ser uma prioridade", disse, citado pela KCNA.

Analistas apontam que o impacto da covid-19 é a razão para o foco na economia.

"A pandemia continua pressionando a diplomacia da Coreia do Norte, dizimando sua economia e tornando o controle de fronteiras uma prioridade de segurança", comentou à AFP Leif-Eric Easley, professor da Ewha Womans University em Seul.

O discurso não citou diretamente os Estados Unidos ou a Coreia do Sul, mas mencionou que Pyongyang continuaria a fortalecer suas capacidades militares devido "ao ambiente militar cada vez mais instável na península coreana" e à mudança da situação internacional.

Isso inclui garantir a lealdade e obediência dos militares, atualizar as milícias e "produzir equipamento poderoso compatível com guerras modernas", disse Kim, citado pelo KCNA.

O despacho da agência não citou detalhes sobre o que esse fortalecimento bélico implicaria.

"Kim pode estar ciente de que talvez não seja uma boa ideia revelar planos de desenvolvimento militar complexos enquanto as pessoas sofrem com a escassez de alimentos e as condições difíceis fora de Pyongyang", tuitou Chad O'Carroll do site especializado NK News.

"A Coreia do Norte estará mais ou menos em modo de sobrevivência em 2022 e não sabe o que fazer a respeito de sua política externa neste momento", acrescentou.

Pyongyang enfrenta inúmeras sanções internacionais por seus programas de mísseis nucleares e balísticos, que avançaram rapidamente no governo de Kim.

A deterioração econômica durante a pandemia não afetou os programas militares. Ao contrário, o desenvolvimento de armas continuou, de acordo com um relatório da ONU de outubro.

Pyongyang se afastou das negociações sobre seu programa nuclear desde que o diálogo de 2019 entre Kim e o então presidente americano Donald Trump fracassou.

Sob o mandato do presidente Joe Biden, os Estados Unidos expressaram sua disposição de se encontrar com representantes norte-coreanos, ao mesmo tempo que insistiram na desnuclearização do regime norte-coreano.

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