Biden irrita China e Rússia com Cúpula pela Democracia

Autor DW Tipo Notícia

Convocada por Joe Biden, cúpula virtual reunirá cerca de 110 países Ambos ficam de fora de lista de convidados pelo presidente dos EUA, que inclui o Brasil. Kremlin acusa Washington de semear divisão. Pequim protesta contra convite a Taiwan, que diz ser "parte inalienável" da China.Os governos de Rússia e China expressaram irritação nesta quarta-feira (24/11) pela convocação, pelo presidente dos EUA, Joe Biden, de uma cúpula virtual pela democracia que não tem os dois países entre os convidados. Para o evento, agendado para os dias 9 e 10 de dezembro, foram convidados chefes de governo e de Estado de cerca de 110 nações, incluindo o Brasil. O Kremlin acusou os Estados Unidos de tentarem traçar novas linhas divisórias entre os países com a cúpula. "Certamente temos uma atitude negativa em relação a esse evento. Não é nada mais do que uma tentativa de traçar novas linhas divisórias", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em sua entrevista coletiva diária por telefone. Peskov lembrou que, no início dos anos 1990, Moscou e Washington lutaram para "reduzir e eliminar essas linhas divisórias". "Agora, infelizmente, os Estados Unidos preferem criar uma nova linha divisória e dividir os países em bons e maus, de acordo com seus critérios", frisou. Ele acusou os Estados Unidos de tentarem "privatizar a palavra 'democracia'", acrescentando que, para Washington, democracia é apenas o que se encaixa em seu entendimento. "É claro que este não deve e não pode ser o caso", sublinhou o porta-voz do presidente russo, acrescentando que a abordagem americana não corresponde aos sentimentos e estados de espírito do mundo, uma vez que "cada vez mais países preferem decidir por si próprios como viver". A Cúpula pela Democracia de dezembro será a primeira de duas sobre o tema a serem realizadas por Biden com o objetivo declarado de alcançar a "renovação democrática" por meio da defesa contra o autoritarismo, do combate à corrupção e do respeito aos direitos humanos. Convite a Taiwan desagrada Pequim Já Pequim expressou sua "firme oposição" ao convite de Biden a Taiwan. O porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Zhao Lijian, disse a repórteres que Taiwan é "uma parte inalienável do território chinês". O gigante asiático considera Taiwan uma de suas províncias, embora não controle esta ilha de 23 milhões de habitantes. Taiwan agradeceu a Biden pelo convite, afirmando que este lhe permite mostrar suas credenciais democráticas internacionalmente. "Com esta cúpula, Taiwan pode compartilhar sua história de sucesso democrático", disse o porta-voz da presidência taiwanesa Xavier Chang em comunicado. Ilha governada democraticamente e reivindicada pela China, Taiwan é o foco de grandes tensões entre Washington e Pequim. Turquia e Hungria fora da lista Muitos dos participantes desta cúpula virtual são aliados de Washington. Eles incluem Iraque, Índia e Paquistão, de acordo com a lista divulgada terça-feira pelo Departamento de Estado dos EUA. A Turquia, aliada de Washington na Otan, não aparece entre os países participantes. A maioria dos países latino-americanos está entre os convidados, com exceção de Cuba, Nicarágua, Venezuela e Bolívia. Ainda não há confirmação pelo governo brasileiro sobre a eventual participação do presidente Jair Bolsonaro. Biden parece ter deixado claro desde sua chegada à Casa Branca em janeiro passado que sua política externa se baseia na oposição entre democracias e "autocracias", que incluem, segundo ele, a China e a Rússia, entre outras. Do Oriente Médio, apenas Israel e Iraque foram convidados para o encontro online organizado por Biden a ser realizado em 9 e 10 de dezembro. Aliados árabes tradicionais dos Estados Unidos, como Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Catar ou Emirados Árabes Unidos, ficaram de fora. Na Europa, a Polônia está representada, apesar de tensões recorrentes com Bruxelas sobre o respeito ao Estado de direito. Já a Hungria, liderada pelo controverso primeiro-ministro Viktor Orbán, não está na lista. Na África, estão entre os convidados a República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul, Nigéria e Níger. md/lf (EFE, AFP)

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