Sem maioria, Fernández terá de dialogar com oposição na Argentina

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, sofreu um duro golpe nas urnas. A eleição legislativa de domingo, 14, confirmou a derrota prevista nas primárias, realizadas em setembro. Sua coalizão de peronistas e kirchneristas sofreu a pior derrota desde a redemocratização, perdendo a maioria no Senado pela primeira vez em 38 anos. O governo manteve a maior bancada de deputados, mas por uma cadeira, o que deve dificultar a aprovação de projetos.

A votação renovou metade dos deputados e um terço do Senado. Após a totalização dos votos, a governista Frente de Todos obteve 33%, ante 42% da aliança opositora Juntos pela Mudança, integrada pelo ex-presidente Mauricio Macri. A oposição venceu em redutos peronistas, como nas províncias de La Pampa e Santa Cruz.

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O novo mapa do Congresso acompanhará Fernández até 2023. O resultado mostrou que governo e oposição terão praticamente a mesma quantidade de votos na Câmara dos Deputados (118 a 117 para a base governista) e no Senado (35 a 31, com 6 senadores independentes, que serão o fiel da balança em votações importantes).

Na capital, um bastião da oposição conservadora, o partido Avança Liberdade, liderado pelo economista de extrema direita Javier Milei, candidato a deputado, teve um desempenho melhor do que nas primárias e chegou a 17% dos votos, puxando a votação da legenda, que fez cinco deputados federais e levou a ultradireita ao Congresso pela primeira vez.

FRACASSO

Diante do fracasso, Fernández reconheceu ter cometido erros e pediu um "diálogo construtivo" com a oposição. "A Argentina vem avançando. Ainda que com dificuldades, estamos nos colocando de pé. Devemos priorizar acordos nacionais, consensos entre as grandes maiorias para acordar uma agenda. Uma oposição responsável e aberta ao diálogo é uma oposição patriótica. E precisamos desse patriotismo."

Fernández terá dificuldades para enfrentar a crise econômica e social, que inclui inflação alta, desvalorização acelerada da moeda, aumento da pobreza e o impacto da pandemia. Além disso, a Argentina contraiu empréstimos bilionários com o FMI durante o governo de Macri e precisa reestruturar este endividamento. As principais parcelas da dívida de US$ 57 bilhões, dos quais a Argentina recebeu US$ 44 bilhões, vencem em março de 2022 e o governo não tem como honrar o pagamento.

Macri, principal nome da oposição, adiantou que "os próximos dois anos serão difíceis" e garantiu que atuará com "responsabilidade". O resultado foi visto como um voto de "punição" a Fernández pelo desemprego e outras dificuldades que acompanharam uma queda de 10% do PIB argentino no ano passado.

María Eugenia Vidal, líder da coalizão de oposição, eleita para a Câmara dos Deputados da cidade de Buenos Aires, disse que ficou comovida com o resultado. "Milhões de argentinos disseram chega. Eles derrotaram a tristeza, a frustração e a raiva", afirmou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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