Oposição comemora crescimento nas eleições do México

A oposição comemorou ontem o resultado das eleições legislativas realizadas no domingo, 6, no México. O bom desempenho nas urnas impediu que o Movimento de Regeneração Nacional (Morena), partido do presidente Andrés Manuel López Obrador, obtivesse maioria qualificada de dois terços na Câmara dos Deputados, o que prejudica sua capacidade de reformar a Constituição.

"Os resultados eleitorais representam um avanço para a democracia, já que o Morena e seus aliados perderam a maioria qualificada, o que reduz o risco de que caprichos presidenciais se traduzam em reformas constitucionais que violam o estado de direito", disse a senadora Julen Rementería, do Partido da Ação Nacional (PAN). "Os cidadãos decidiram não dar poder absoluto ao presidente e puniram o Morena pela instabilidade e inépcia."

Os resultados, no entanto, não foram todos desfavoráveis a López Obrador. Embora o Morena tenha perdido força, manteve a maioria na Câmara dos Deputados e expandiu seu poder nos Estados, ao ganhar 11 das 15 eleições para governador.

Segundo projeções do Instituto Nacional Eleitoral (INE), o Morena deve eleger entre 190 e 203 deputados, de um total de 500. A bancada governista será menor do que as 253 cadeiras que tinha, embora juntamente com seus aliados ultrapasse a maioria simples de 251, suficiente para aprovar leis e orçamentos.

A oposição na Câmara dos Deputados é formada por uma coalizão de velhos adversários: além do PAN, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido da Revolução Democrática (PRD). Juntos, eles teriam entre 181 e 213 cadeiras, de acordo com projeções do INE.

Nas redes sociais, o líder do PRI, Alejandro Moreno, disse que a oposição conseguiu se estabelecer como "um claro contrapeso" ao governo e garantiu que defenderá "cada um dos votos dos mexicanos". "Foi uma derrota poderosa", disse Carlos Bravo Regidor, analista político e professor do Centro de Pesquisa e Ensino Econômico da Cidade do México.

"Os eleitores mexicanos claramente rejeitaram dar um cheque em branco para qualquer um dos movimentos no México", disse Luis Miguel Pérez Juárez, analista do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey.

Em particular, os resultados tornarão mais difícil para López Obrador levar adiante seu plano de nacionalizar o setor de energia do México. Apesar da popularidade do presidente, especialmente entre os pobres, os resultados parecem mostrar os limites de seu mandato para adotar um programa ousado de reformas que ele chamou de "Quarta Transformação" mexicana.

Reação

O peso mexicano subiu quase 1% no início das negociações de segunda-feira, um dos melhores desempenhos entre as moedas dos mercados emergentes, sugerindo que o setor empresarial estava reagindo positivamente a novos controles sobre o poder de López Obrador

As eleições foram consideradas um plebiscito sobre a figura do presidente, o que explica o comparecimento histórico de mais de 52% para uma eleição de meio de mandato. Apesar do resultado abaixo do esperado na Câmara dos Deputados, López Obrador também cantou vitória, dizendo que a "maioria dos mexicanos" apoia seu "projeto de transformação social".

Em razão das crises sanitária e econômica, alguns analistas se surpreenderam com o desempenho do governo nas urnas. "A eleição representou uma enorme conquista por parte do presidente e da coalizão de seu partido, principalmente por ter ratificado a sua maioria e por ter vencido as eleições estaduais, apesar da pandemia e de a economia mexicana estar em queda nos últimos três anos", disse Carlos Heredia, do Centro de Pesquisa e Treinamento Econômico do México.

As eleições de domingo, as maiores da história do México, com mais de 20 mil cargos locais e federais em disputa, foram marcadas pela violência. Na sexta-feira, 4, René Tovar, candidato a prefeito no Estado de Veracruz, foi morto a tiros dentro da própria casa. Na semana passada, Marilú Martínez, candidata à prefeitura de Cutzamala de Pinzón, no Estado de Guerrero, foi sequestrada - e posteriormente libertada.

Segundo a consultora Etellekt, durante este ciclo eleitoral, 89 políticos morreram, dos quais 35 eram candidatos a cargos nesta eleição. Desde dezembro de 2006, quando o governo do então presidente Felipe Calderón decretou guerra aos cartéis, mais de 300 mil pessoas foram assassinadas no México, segundo dados oficiais, que atribuem a maioria das mortes ao crime organizado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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