Erupção vulcânica na República Democrática do Congo provoca terremotos e assusta moradores

No sábado, o vulcão Nyiragongo entrou em erupção de repente, desencadeando medo e fuga entre os habitantes

A cidade de Goma, no sopé do vulcão Nyiragongo que entrou em erupção no sábado no leste da República Democrática do Congo (RDC), registrou nesta segunda-feira (24) inúmeros terremotos fortes, causando medo entre os moradores que começavam a voltar para suas casas.

"Tem aumentado e acontece a qualquer momento", disse à AFP um morador da capital Kivu do Norte, considerando a situação "muito preocupante". "As noites têm sido muito longas, a gente sente medo", acrescentou.

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"Acaba de acontecer um grande tremor, estou até com medo de ficar no escritório", disse Deborah, funcionária de uma organização internacional, por telefone. "Eu me pergunto se devo ficar ou ir para casa, até a eletricidade foi cortada aqui", observou ela com preocupação.

Já numerosos no domingo, estes terremotos continuaram ao longo da noite e esta manhã em um ritmo sustentado, alguns com grande intensidade.

Em Goma, sua população, em parte retornando após ter fugido em massa da erupção do Nyiragongo no sábado à noite, está muito angustiada com esses tremores, às vezes abandonando casas e prédios de vários andares.

Por medo dessa série de tremores, as escolas não abriram as portas e instaram seus alunos a ficarem em casa, conforme ordens das autoridades provinciais.

No sábado, por volta das 18h30, horário local (13h30 de Brasília), o vulcão Nyiragongo, cujas encostas majestosas dominam Goma e o Lago Kivu, entrou em erupção de repente, desencadeando medo e fuga entre os habitantes.

Dois rios de lava desceram por suas encostas, um dos quais chegou aos subúrbios de Goma, onde estagnou na manhã de domingo.

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Muitas casas foram engolidas por esse fluxo de lava de centenas de metros de extensão, que cortou também vários trechos da estrada que liga Goma a Butembo, a estrada principal de Kivu do Norte e um importante eixo comercial regional.

A anterior grande erupção do Nyiragongo ocorreu em 17 de janeiro de 2002, causando cerca de 100 mortes, em um cenário muito semelhante, com um fluxo de lava fluindo pela cidade para desaguar nas águas do Lago Kivu.

Nesta segunda-feira, a lava escura e rochosa ainda estava quente, fumegando em alguns lugares. Dezenas de pessoas, curiosas e preocupadas, se aproximavam do local. Alguns chegavam até a lava, apesar do perigo dos gases tóxicos, e até cruzavam a estrada.

À distância, no horizonte, o vulcão parecia calmo, com suas colunas de fumaça e cinzas subindo da cratera. Segundo as autoridades, 17 aldeias foram afetadas, os danos materiais foram muito importantes e 15 pessoas morreram: nove em acidentes, duas queimadas e quatro presas quando tentavam fugir.

A erupção pegou todos de surpresa, inclusive as autoridades, que ordenaram com urgência a evacuação da cidade na noite de sábado. Mais tarde, dezenas de milhares de pessoas fugiram para um posto fronteiriço com Ruanda, ao sul de Goma, ou para o sudoeste, na região de Masisi.

Parte da população voltou no domingo, e nesta segunda-feira a cidade tinha uma aparência de normalidade. Lojas e postos de gasolina reabriram e o trânsito estava normal. Uma delegação governamental, com sete ministros, chegou esta manhã de Kinshasa ao aeroporto de Goma. Entre eles o secretária de Saúde, Jean-Jacques Mbungani, para fazer um primeiro balanço da situação.

A "incerteza" permanece sobre se a atividade de Nyiragongo continuará, de acordo com um vulcanologista local. "O fluxo de lava não está mais evoluindo, mas os terremotos continuam ocorrendo", e ainda há "incerteza", disse o diretor do Observatório de Vulcanologia de Goma (OVG), Kasereka Mahinda.

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