Cearense em Buenos Aires relata protocolos sanitários do governo argentino após testar positivo para Covid-19

Em entrevista ao O POVO, Camilla Machado, 31, comenta sobre os cuidados recebidos de forma gratuita e avalia a situação da pandemia no país vizinho ao Brasil

Há três anos morando em Buenos Aires, na Argentina, a cearense Camilla Machado, 31, testou positivo para Covid-19 na última quarta-feira, 16. Por não ter plano de saúde e dividir a casa com outras pessoas, ela foi isolada em um hotel da capital argentina voltado para pacientes da doença. Em entrevista ao O POVO, a brasileira relata os cuidados recebidos gratuitamente e comenta a situação da pandemia no país vizinho ao Brasil.

Camila trabalha como bailarina de tango e guia turística independente e relata ter sentido os primeiros sintomas da doença causada pelo coronavírus após um fim de semana em que pegou chuva e fez esforço físico para dançar.

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Primeiro veio a dor no corpo, depois dor de cabeça forte e febre. Com a persistência da dor de cabeça, a bailarina começou a sentir também incômodo na garganta, tosse seca e uma leve falta de ar.

“Eu fiquei bastante fraca e não pude sair de casa para ir fazer o teste, então me isolei no meu quarto mesmo. Na quarta-feira [passada, dia 16 de dezembro] reuni forças e fui fazer o teste”, relembra.

De acordo com a cearense, existem pontos de testes rápidos gratuitos para Covid-19 espalhados pela cidade. “Não são só os hospitais que fazem os testes, mas também algumas escolas desativadas por causa da pandemia estão sendo usadas como unidades de saúde para isso. Tudo gratuito e bastante organizado”, diz.

No caso de Camila, o resultado do exame saiu após meia hora, mas o prazo em geral é de até três dias. Devido ao resultado positivo, ela não foi autorizada a retornar para casa pelo risco de infectar as pessoas com quem mora. Só teve permissão de passar rapidamente em sua residência para recolher alguns pertences pessoais.

“De lá mesmo eles informaram ao Ministério de Saúde e designaram um hotel para mim, já que eu divido casa com mais pessoas. Se eu morasse sozinha, teria ido para casa e feito isolamento em casa, monitorada por um aplicativo do governo em que a pessoa tem que informar diariamente o estado de saúde e temperatura e não pode sair de casa”, relata.

Ainda no caminho para o hotel, ela recebeu ligações da área médica e psicológica do Ministério de Saúde argentino. A bailarina afirma que o isolamento, feito em casa ou em hotel, dura 10 dias. Alguns estabelecimentos de hotelaria da Argentina já reabriram ao turismo, mas outros seguem designados para pessoas infectadas pelo coronavírus ou com suspeita da doença, como ocorre desde o início da pandemia.

Atualmente hospedada no hotel Two Buenos Aires, Camila se recupera bem e está quase sem sintomas. Ela tem direito a quatro refeições diárias, além de pequenos lanches. “Não tenho tido que desembolsar nem um centavo para estar aqui com todos esses cuidados”, garante.

Camila recebe ainda duas ligações diárias de médicos para checar sua temperatura por meio de um termômetro digital e recomendar algum remédio caso seja necessário. O tratamento que a cearense recebeu é padrão para quem não tem plano de saúde e não mora sozinho na Argentina, conforme ela.

Situação pandemia na Argentina

Mesmo elogiando os procedimentos executados pelo governo, Camila avalia pontos positivos e negativos da gestão de Alberto Fernández em relação à pandemia de Covid-19. O país contabiliza mais de 1,5 milhão de casos da doença pandêmica e passa de 41,9 mil óbitos.

“Temos problemas gigantescos para resolver no quesito da economia; o país anda cambaleando. Mas também sinto um amparo social que, comparando com o que vejo do Brasil, não existe”, analisa.

Ela destaca ainda as campanhas massivas de conscientização pela manutenção do distanciamento social como um dos esforços públicos para combater aglomerações.

A cearense, publicitária de formação, foi morar em Buenos Aires buscando uma oportunidade para estudar dança e tango, suas “paixões”. Hoje ela cursa dança na escola Full Dance e faz guia de turismo relacionado ao tango. “Posso dizer que estudo e vivo da dança, com as dores e as delícias que isso significa”, declara.

De acordo com Camila, os estabelecimentos comerciais na Argentina estão abertos seguindo protocolos sanitários contra a Covid-19, sendo que a área da cultura tem enfrentado as consequências mais severas .

“O setor cultural tem sido o último a poder reabrir, por isso nós, artistas, temos sofrido ainda mais as consequências de não poder trabalhar. Mas ainda assim, com muita pressão, estamos conseguindo reabrir nossos espaços teatrais e culturais de volta”, assegura.

A bailarina também tem notado que o cenário epidemiológico está se agravando devido à maior realização de atividades ao ar livre. “Os números seguem aumentando por aqui também. Não tão grave e rápido quanto no Brasil, mas aumentam sim. Não estamos falando de primeiro mundo, ainda existe muita aglomeração por aqui. Mas também existe cuidado”, finaliza.

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