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Aposentado da seleção, Mats Hummels é o cara do Borussia Dortmund

00:02 | Nov. 04, 2020
Autor DW
Tipo Notícia
Pouco mais de um ano e meio depois de deixar a "Mannschaft", zagueiro é uma viga mestra no time aurinegro e o jogador da Bundesliga que mais toca na bola. Cada vez mais vozes pedem sua volta ao elenco nacional.A notícia causou furor na imprensa alemã. Em março de 2019, de uma só vez, Joachim Löw aposentou três campeões mundiais da seleção, considerados por ele e por parte da opinião pública ultrapassados para vestir a tradicional camisa dos tetracampeões mundiais. Thomas Müller, Jérôme Boateng e Mats Hummels, na época todos titulares absolutos no poderoso Bayern, foram defenestrados da Mannschaft, sem mais nem menos. Müller ficou revoltado, Boateng se fechou em copas, e Hummels fez de conta que não foi com ele. A forma como foram aposentados da seleção mereceu muitas críticas. Como, por exemplo, escreveu Jörn Meyn do Spiegel Online: "Agora eles ficam parecendo carros velhos que Löw queria dirigir mais um pouco mesmo depois da trombada que levou na Rússia. Foi só agora que percebeu que não servem mais?” De fato, não foi uma saída honrosa pelo tanto que fizeram na jornada em terras brasileiras. Vinte meses depois desse episódio, Müller é titular absoluto na equipe bávara, e Hummels é uma viga mestra no time aurinegro. Agora, cada vez mais vozes se fazem ouvir na Alemanha pedindo a volta ao elenco nacional pelo menos de Mats Hummels. Esse coro pelo retorno do zagueiro se deve especialmente aos sérios problemas da Alemanha no setor defensivo, como ficou evidenciado nas últimas apresentações dos comandados de Löw. Na sua volta aos gramados em outubro, em jogos frente às seleções da Turquia, Ucrânia e Suíça, a Mannschaft tomou nada mais nada menos do que sete gols. Sete gols em três partidas de equipes consideradas, na melhor das hipóteses, medianas. Em dezembro, Hummels vai fazer 32 anos. Está agora na sua segunda temporada jogando pelo Dortmund, que pagou aproximadamente 30 milhões de euros ao Bayern para tê-lo de volta. A diretoria do Borussia esperava que com sua contratação o time ganhasse mais estabilidade defensiva e mais qualidade na saída de bola. Ganhou mais do que isso. Em seis jogos da Bundesliga, os aurinegros sofreram apenas dois gols. Nos duelos individuais, Hummels leva vantagem sobre o adversário na esmagadora maioria das vezes. O seu índice nesse quesito é de 70%. É o jogador da Bundesliga que mais toca na bola. Foram 604 contatos em seis partidas. Na partida contra o Arminia Bielefeld, seu índice de passes certos chegou a 90%. É espantoso porque seus passes costumam ser verticais. São bolas longas para alimentar o setor ofensivo. Tudo isso sem contar que na atual temporada já marcou três gols e, com essa marca, é o vice-artilheiro do time, atrás apenas do fenômeno Erling Haaland, com cinco. Hummels até agora anotou três vezes mais gols do que todo meio campo ofensivo formado por Sancho, Brandt, Reus e Hazard. Em resumo, neste exato momento, Mats Hummels é o cara do Borussia Dortmund, sem o qual as coisas costumam desandar no decorrer de uma partida. Teve um tempo em que o zagueirão de 1,91 m também foi protagonista na Mannschaft. Basta lembrar a Copa de 2014, quartas de final, Alemanha x França, Maracanã, 4 de julho, sol a pino ao meio dia, 26 graus, 88% de umidade relativa do ar. Eu estava no estúdio da ESPN Brasil, pronto para esse duelo com meu amigo francês Stephane Darmani. Assistimos ao jogo como comentaristas em stand by para qualquer eventual problema de áudio da geradora do Rio de Janeiro. Antes do jogo fizemos uma aposta. Se a Alemanha perdesse, eu pagaria algumas cervejas bávaras e, em caso de derrota da França, Stephane me ofereceria um champanhe francês. Começa o jogo. Les Bleus pressionam com Benzema. Aos 11 minutos, nova investida francesa. Hummels neutraliza os ataques e salva a Alemanha de duas situações perigosas. Sessenta segundos depois, Kroos, em cobrança de falta, levanta a bola sob medida rumo à zona do agrião para Hummels cabecear. Gol da Alemanha! Stephane, inconformado, grita: Merde! Depois do jogo, saímos dali, e meu amigo francês fez questão de tomar um champanhe comigo. Selamos nossa amizade franco-germânica comme il faut. Devo esse champanhe ao Hummels. Evitou dois gols quase certos da França e marcou o gol da vitória para a Alemanha que saiu do Maracanã já pensando no Brasil. Mas essa é uma outra história que fica para uma outra vez. -- Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Autor: Gerd Wenzel

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