Campanha dos EUA chega a Minas Gerais

A eleição americana faz parte da paisagem de Governador Valadares, em Minas Gerais, depois que um empresário que morou na cidade bancou dois outdoors com mensagens de apoio a Donald Trump.

As peças publicitárias, com a maior parte das mensagens escrita em inglês, mostram o republicano com o braço levantado com as inscrições: "Trump-Pence (sobrenome do vice, Mike Pence) e Make America Great Again 2020". Embaixo, também em inglês, os dizeres "pro God, pro family, pro life, pro Israel, pro Brazil". Para ajudar a quem passa pelos outdoors - um colocado no centro e outro na periferia, no bairro Santa Rita -, o último trecho está traduzido para o português.

Edson Delana, de 56 anos, que deixou a cidade mineira há 30 anos e hoje mora em Coconut Creek, no condado de Broward, na Flórida, onde mantém um comércio, foi quem pagou pela publicidade. Ele é fã do presidente americano e diz que os outdoors têm o objetivo de ajudar na reeleição de Trump - ele, porém, não explicou como. "Minha família é de Valadares e tem muita gente de Valadares aqui na América. Valadares é beneficiada pelos EUA", afirma.

Delana acredita que, se reeleito, Trump estabelecerá uma política migratória favorável aos estrangeiros. "Minha esperança é essa. Como apoio ele, eu tenho como cobrar isso. Quando encontro com qualquer político, sempre jogo o assunto imigração, para apoiar os imigrantes", conta o empresário. Tanto na sua campanha de 2016 quanto agora, Trump adotou um discurso anti-imigração.

As intenções do empresário, porém, não foram muito bem entendidas. Quem já trabalhou nos EUA e voltou para a cidade ou quem é da região e permanece nos EUA torceu o nariz para a iniciativa. A cidade é conhecida pelo grande contingente de imigrantes que tentam a vida em território americano. Segundo estimativas, cerca de 20 mil valadarenses estariam morando nos EUA.

Um imigrante ilegal, que passou 10 anos na Carolina do Sul e voltou para Valadares, diz ao Estadão que Trump nunca teve política alguma para os imigrantes. "Tenho muitos amigos que ainda estão lá. Todos vivem com medo de ser deportados. O atual presidente dos EUA não se importa com imigrantes", afirma ele, que preferiu não se identificar.

A maior parte dos imigrantes que saem de Valadares rumo aos EUA tenta entrar no país de forma ilegal, pela fronteira com o México. Quem é pego acaba mandado de volta. Nos voos com brasileiros deportados que chegam dos EUA a cada 20 dias no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, muitos são da região de Governador Valadares.

No final do ano passado, a frequência dessas deportações aumentou. Pelas ruas da cidade, não é raro encontrar pessoas que saíram há um mês de Minas Gerais e já foram devolvidos. Antes do retorno, no entanto, eles ficaram em centros de detenção ao longo da fronteira com o México, em Estados como Texas e Arizona, depois de serem capturados.

Morador de Massachusetts, outro valadarense, que também não quis se identificar, afirma ter achado a propaganda pró-Trump "surreal". No entanto, ele não acha que o democrata Joe Biden, que lidera as pesquisas, possa melhorar muito a situação dos imigrantes nos EUA. "Acho que ele (Trump) não ganha. Esse outro (Biden) não é muito bom, mas parece que é um pouco menos duro com os imigrantes", comenta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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