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Milhares de migrantes aguardam nas estradas após incêndios na ilha grega de Lesbos

Uma balsa chegou à ilha, onde foi declarado "estado de emergência", para abrigar os migrantes, e dois navios da Marinha grega seguiam até a localidade para aumentar a capacidade de acolhida
10:11 | Set. 10, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

Milhares de refugiados aguardavam nesta quinta-feira, 10, nas estradas da ilha de Lesbos, à espera da ajuda de emergência, após o acampamento de Moria, o maior e mais insalubre da Grécia, ter sido devastado pelas chamas.

 

Uma balsa chegou à ilha, onde foi declarado "estado de emergência", para abrigar os migrantes, e dois navios da Marinha grega seguiam até a localidade para aumentar a capacidade de acolhida.

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Lesbos, ilha do Mar Egeu com 85.000 habitantes, é a principal porta de entrada para os migrantes na Grécia por sua proximidade da Turquia.

 

O campo abrigava 12.700 demandantes de asilo, número quatro vezes acima de sua capacidade. Entre os migrantes, estão 4.000 menores de idade.

 

Várias famílias passaram a segunda noite consecutiva nas ruas, sem produtos de primeira necessidade.

 

Muitos migrantes saíram desesperados do acampamento, em fuga das chamas deflagradas na madrugada de terça para quarta-feira, e agora estão sentados à beira das estradas que vão do campo de Moira até o porto de Mitilene, formando longas filas de espera.

 

 

Alguns deles seguiram para os olivais próximos. Outros caminhavam até as localidades vizinhas em busca de água.

 

"Perdemos tudo", lamenta a síria Fatma Al-Hani, na estrada que vai de Moria ao pequeno porto de Panagiouda.

 

"Estamos abandonados à nossa própria sorte, sem comida, água, sem medicamentos", afirma, com o filho de dois anos no colo.

 

"O que vamos fazer agora? Para onde vamos?", perguntou Mahmut, do Afeganistão. A seu lado, a compatriota Aisha procurava os filhos: "Dois estão ali, mas não sei onde estão os outros".

 

Cornille Ndama, uma congolesa, também fugiu de Moria durante a noite. "Perdemos tudo. Não tenho nada, nada aqui, e não sabemos onde vamos dormir".

 

Um novo incêndio foi registrado na quarta à noite em uma parte do campo de migrantes que não havia sido atingida pelas chamas de terça-feira.

 

"Não temos informações sobre vítimas, feridos, ou desaparecidos", afirmou o ministro da Migração da Grécia, que elogiou a "rápida intervenção" dos bombeiros e da polícia.

 

Ao menos 3.500 migrantes ficaram desabrigados, admitiu o ministro.

 

Os habitantes da região e as autoridades não querem a instalação provisória de barracas fora do campo.

 

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que a UE está "disposta a ajudar". A Comissão anunciou que assume a responsabilidade pela transferência imediata de 400 crianças e adolescentes para a Grécia continental.

 

A Alemanha, que exerce a presidência semestral da União Europeia, pediu aos países do bloco que recebam os migrantes do campo. Milhares de pessoas protestaram na quarta-feira em várias cidades do país para exigir que o governo ajude os migrantes.

 

A Áustria não parece concordar com a ideia. "Se esvaziarmos o campo de Moria, o local vai lotar de novo, imediatamente", disse o ministro das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg.

 

A presidenta grega, Katerina Sakellaropoulou, pediu à UE que "não feche os olhos" pra a tragédia. "Os refugiados são, antes de mais nada, um problema europeu", afirmou em um comunicado.

 

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, atribuiu a origem do desastre às "reações violentas contra os controles de saúde" organizados desde a semana passada, após a detecção de 35 casos do novo coronavírus no acampamento.

 

O primeiro caso de coronavírus foi detectado em Moria na semana passada, e o espaço foi imediatamente colocado em isolamento por 15 dias.

 

Para a Cruz Vermelha, retirar os milhares de migrantes da ilha "é um imperativo humanitário".

 

"Na Grécia é urgente deslocar os migrantes das ilhas para o continente", declarou o presidente da Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Francesco Rocca.

 

Há vários anos, ONGS denunciam a falta de higiene e a superlotação do campo de Moria e pedem a transferência dos demandantes de asilo mais vulneráveis para o continente.

 


 

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