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Forças curdas anunciam 'congelamento' de operações contra o Estado Islâmico

O líder das Forças Democráticas Sírias (SDF), braço da organização curda Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Mazlum Abdi, anunciou na noite desta quarta-feira, 16, o "congelamento" das operações contra o grupo Estado Islâmico (EI), que se tornou uma organização clandestina após sua derrota em março passado.
"Congelamos todas nossas atividades contra o Daesh [acrônimo do EI em árabe]", declarou Abdi, em uma entrevista transmitida pelo canal curdo Ronahi, acrescentando que, com isso, as SDF vão se restringir a operações "defensivas frente ao Daesh".
A recuada das forças curdas no nordeste da Síria ocorre uma semana depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado que iria retirar as tropas americanas na região. Os EUA se aliaram aos curdos na Síria para derrotar o avanço dos militantes do EI após o início da guerra civil no País.
O protagonismo dos curdos no nordeste da Síria significa que mais de 11 mil militantes do grupo terrorista estejam detidos em prisões administradas pelas forças curdas na Síria. Além deles, esposas e filhos vivem em campos de refugiados administrados pelos curdos.
O recuo apontado pelas SDF pode levar a mais instabilidade na região, já que o grupo detém a principal milícia curda na região, as Unidades de Proteção Popular (YPG), vinculada ao PKK. O enfraquecimento dos curdos pode levar a soltura dos terroristas.
Fontes locais informaram que, até segunda-feira, cerca de 500 simpatizantes do EI, detidos sob a tutela curda, escaparam das prisões durante os bombardeios turcos.
A Turquia considera as forças curdas vinculadas ao PKK como terroristas, já que o grupo foi responsável por diversos atentados no fim do século XX. Os curdos correspondem a 20% da população turca, e vinculados ao PKK, pregam a bandeira do separatismo, na tentativa de construir uma nação própria.
O anúncio das SDF veio horas depois do presidente turco Recep Tayyip Erdogan ter rejeitado de forma categórica qualquer possibilidade de negociação com as forças curdas - mesmo com os Estados Unidos defendendo um cessar-fogo - na Síria e exigiu que os combatentes entreguem as armas e abandonem a fronteira.
Também nesta quarta, Trump chegou a afirmar que o PKK é "provavelmente uma ameaça terrorista maior, sob muitos aspectos, do que o EI". O presidente também negou que tenha dado uma "luz verde" a Erdogan para que a Turquia avançasse na Síria. "Eu não dei luz verde. Quando falam algo assim é enganoso. Foi o oposto a uma luz verde", disse Trump.
Erdogan se reunirá na quinta-feira com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, durante a visita deles a Ancara, confirmou a presidência turca. O objetivo dos americanos é discutir a operação militar da Turquia na Síria e pressionar para que Erdogan "negocie um cessar-fogo" no território sírio.
Pouco antes, Erdogan havia afirmado à rede de televisão Sky News que Pence e Pompeo seriam recebidos apenas por seus colegas, e que ele falaria "quando Trump vier".
A saída das tropas americanas levou a um rearranjo de forças no nordeste da Síria. As tropas curdas se aliaram ao exército do ditador sírio Bashar Assad e do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para se defender dos ataques da Turquia. Existe o receio de que um outro aliado, o Irã, também possa intervir no conflito, já que está em conflito com os EUA desde a retirada de Trump do acordo nuclear, em 2018.
Em sete dias de conflito no nordeste da Síria, 72 civis morreram, além de 185 combatentes das FDS e 164 militantes pró-Turquia, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). A Turquia informou que 20 civis faleceram após o ataque de tropas curdas em cidades turcas, além de seis soldados em território sírio.
A ofensiva provocou o êxodo de 160 mil pessoas do norte da Síria, segundo estimativas da ONU. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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