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Por que a ONU pode ficar sem dinheiro até o final de outubro

14:01 | Out. 10, 2019
Autor DW
Tipo Notícia
As Nações Unidas passam por uma grave crise financeira e seus funcionários correm o risco de ficar sem pagamento a partir de novembro. O Brasil é o segundo maior devedor da organização. Dívida chega a R$ 1,8 bilhão.As Nações Unidas estão enfrentando uma grave escassez de recursos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na quarta-feira (09/10) em Nova York que a organização passa pela "pior crise de caixa em quase uma década" e que as reservas podem se esgotar até o fim de outubro. Assim, as Nações Unidas podem não ter condições de pagar seus funcionários e fornecedores. De acordo com a mídia brasileira, até o início de setembro, o Brasil era o segundo maior devedor das Nações Unidas. O país acumulava pagamentos de 433,5 milhões de dólares (Quase 1,8 bilhão de reais) para todas as áreas da organização. Para o orçamento regular, a contribuição devida seria de 143 milhões de dólares. Dados da ONU mostram que, até setembro, Brasília não pagou nenhum centavo ao orçamento regular da organização. Por que não há dinheiro? A ONU – que tem um orçamento previsto de 3,3 bilhões de dólares para 2019 – se financia principalmente com as contribuições de seus Estados-membros. Até agora, porém, apenas 129 dos 193 Estados-membros pagaram seus aportes que somam cerca de 2 bilhões de dólares. No final do ano, os valores ainda não pagos podem causar até mesmo uma interrupção das atividades da organização. Quais países que mais devem à ONU? O montante das contribuições depende da força econômica de cada país. Os EUA são atualmente os maiores doadores, contribuindo com 22% do orçamento da ONU. Atualmente, o governo em Washington deve à organização cerca de 380 milhões de dólares não pagos em anos anteriores e cerca de 670 milhões de dólares para o orçamento do ano corrente, ou seja, mais de 1 bilhão de dólares no total. Por que ocorrem atrasos no pagamento? Brasil, Irã, Israel, México, Coreia do Sul, Arábia Saudita e Uruguai ainda não pagaram suas contribuições. Mas, naturalmente, as Nações Unidas aguardam, em particular, a enorme contribuição dos EUA. Não é raro, porém, que o pagamento dos americanos demore muito tempo para ser efetivado, pois o exercício financeiro dos EUA se inicia apenas em outubro – de forma diferente do que, por exemplo, na Alemanha ou nas Nações Unidas. Assim, Washington decidiu, na década de 1980, pagar suas contribuições somente no outono do hemisfério norte. "A ONU, portanto, sempre tem esse déficit de financiamento no final do ano", diz o cientista político Ronny Patz. "Mas eles sabem, em princípio, que os EUA pagam essas grandes contribuições que estão faltando." Por que o gargalo financeiro neste ano é tão grande? Esta é uma boa pergunta. Afinal de contas, as Nações Unidas estão contendo gastos globalmente desde o início do ano. De acordo com António Guterres, a ONU cortou gastos e evitou, assim, um déficit ainda maior. Somente através de medidas de austeridade foi possível assegurar a realização em setembro da Assembleia Geral e da Conferência do Clima em Nova York. Mas, por que o caixa da ONU está vazio? Por um lado, as Nações Unidas não poderiam contrair empréstimos em caso de problemas financeiros. Outra razão é o chamado capital de giro: é uma espécie de reserva financeira que pode ser usada se a liquidez das Nações Unidas estiver ameaçada. O chefe da ONU, Guterres, pediu repetidamente um aumento do capital de giro para adequá-lo ao aumento do orçamento. "No entanto, os Estados-membros relutam em fazer isso, porque são fundos flutuantes que, desde o início, não são fixados para nada", diz o cientista político Ronny Patz. Os "capacetes azuis" estão ameaçados por conta do gargalo financeiro? Não, porque, neste momento, o problema de liquidez diz respeito ao orçamento geral com o qual, entre outras coisas, os funcionários da sede em Nova York e Genebra são pagos. As missões de paz da ONU são financiadas a partir de outro pote. ______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | App | Instagram | Newsletter Autor: Mirjam Benecke (fc)

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