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Eleição em Moscou evidencia insatisfação dos russos com seus governantes

22:33 | Set. 09, 2019
Autor DW
Tipo Notícia
Após veto a candidatos oposicionistas e violenta repressão em semanas de protestos, Moscou vai às urnas para eleições municipais. Apesar de pouca esperança de vitória para a oposição, ressentimento com governo só cresce.Por toda a cidade de Moscou, cartazes com políticos sorridentes tentam convencer os moradores de que o candidato na foto é a escolha certa para governar a capital russa. Panfletos são distribuídos para explicar os motivos dessa escolha aos potencias eleitores. É um fim relativamente silencioso de uma das campanhas eleitorais mais controversas da história recente da Rússia. Em agosto, estima-se que 50 mil manifestantes saíram às ruas contra a decisão da cidade de impedir que dezenas de candidatos da oposição participassem da eleição municipal que ocorre neste domingo (08/09). A frustração foi levada a um ponto febril quando membros linha-dura do governo, apoiados pela tropa de choque da polícia, reprimiram violentamente os protestos, em grande parte não autorizados, ferindo vários manifestantes e prendendo milhares. Em um ano comum, as eleições municipais em Moscou dificilmente chamariam a atenção para além do perímetro da capital russa. Mas 2019 não é um ano comum. Após desfrutar por anos de um regime praticamente sem oposição graças ao domínio do presidente Vladimir Putin sobre a vida civil, o partido governista Rússia Unida agora tem encontrado resistência. O apoio popular ao partido está diminuindo, num momento em que as preocupações com a economia estagnada e a queda nos padrões de vida desempenham um papel cada vez maior no debate público. A impopular reforma da Previdência no ano passado ajudou a fazer com que o apoio da população à legenda de Putin caísse a taxas mínimas históricas e abriu caminho para uma série sem precedentes de protestos, cujos temas vão da coleta de lixo a preocupações com a liberdade de imprensa. O capital político do partido governista está tão baixo que os candidatos da sigla no pleito de domingo em Moscou estão concorrendo como independentes por temer que a ligação com a legenda possa minar suas chances. Com o desmoronamento da marca Rússia Unida, a oposição fragmentada tem agora a rara oportunidade de fazer uso dessa crescente frustração popular com o sistema político do país. Quando o comitê eleitoral de Moscou se recusou a registrar a maioria dos candidatos apoiados pela oposição com o argumento de que seus pedidos de candidatura continham milhares de assinaturas de apoio supostamente falsas ou inválidas, os oposicionistas rapidamente denunciaram a violação e mobilizaram seus simpatizantes. Isso resultou em semanas de intensas manifestações na capital russa. As imagens de policiais espancando manifestantes pacíficos serviram para alimentar ainda mais o descontentamento da população, afirma o consultor político russo Abbas Gallyamov. "As ações duras das forças de segurança impulsionam o protesto e garantem uma alta participação [eleitoral]", diz ele. "A recusa em registrar candidatos da oposição já nem está mais na agenda. O principal fluxo de notícias negativas é fornecido agora pelos oficiais de segurança. São eles que dão emoção aos protestos." Alexei Navalny, talvez o mais proeminente líder oposicionista da Rússia, espera capitalizar com o descontentamento. Em seu popular canal no YouTube, ele tem pedido aos eleitores que votem no candidato com as melhores chances de derrotar um candidato apoiado pelo Rússia Unida nas eleições municipais. Se for bem-sucedida, a estratégia do "voto útil" de Navalny poderá se tornar um modelo para futuras eleições, tanto em nível local quanto nacional, como parte de um impulso para a oposição conquistar posições dentro do governo. Analistas em Moscou afirmam que a incapacidade do governo de adotar uma política coerente para lidar com a crescente oposição e pressão pública mostra que os atuais líderes podem ter demorado demais para se adaptar a uma sociedade em mudança. "A atual 'explosão' em conexão com a campanha eleitoral para a Mosgorduma [parlamento municipal de Moscou] é um exemplo clássico", diz a editora e historiadora cultural Irina Prokhorova, em entrevista à DW. "As pessoas no poder falharam em entender que os tempos estão mudando." ______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | App | Instagram | Newsletter Autor: Aaron Tilton

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