May busca acordo com oposição sobre Brexit
Após seu partido perder mais de mil assentos em eleições, premiê britânica se mostra disposta a fazer concessões a oposicionistas, entre elas, até mesmo permanência temporária na união alfandegária europeia, diz jornal.Primeira-ministra britânica, Theresa May, tira consequências da derrota de seu Partido Conservador (Tory Party) nas eleições municipais e insta Partido Trabalhista (Labour) da oposição a encontrar saída para a crise do Brexit.
"Vamos fazer um acordo", escreveu May em artigo publicado neste domingo (05/05) pelo jornal The Mail on Sunday, onde pede ao líder da oposição, Jeremy Corbyn, que "escute o que os eleitores disseram na eleição e ponha de lado as diferenças por um momento".
"Os eleitores esperam que implementamos o resultado do referendo [do Brexit]", escreveu May, acrescentando que a opinião pública estaria frustrada com os atrasos na saída do país da União Europeia (UE).
O jornal Sunday Times noticiou que o governo da primeira-ministra estaria disposta a fazer concessões aos trabalhistas em três áreas: tarifas alfandegárias, direitos dos trabalhadores e tráfego de mercadorias.
De acordo com o diário, May quer apresentar propostas para "um regime tarifário temporário" com a UE, que pode durar até a próxima eleição parlamentar, que deve ocorrer o mais tardar em maio de 2022.
Até agora, May defendeu se retirar da união alfandegária e do mercado comum europeu para que o Reino possa cuidar, de forma independente, de suas políticas comerciais e de imigração.
O Partido Trabalhista, por outro lado, quer permanecer mais próximo da UE. Se o Tratado de Brexit não for aprovado pelo Parlamento em breve, o Reino Unido terá que participar das eleições europeias em 23 de maio.
Em seu artigo para o The Mail on Sunday, a chefe de governo se referiu aos muitos opositores do acordo do Brexit em seu próprio partido. "Lamentavelmente", não há indicação de que a posição deles mudará, disse a premiê, afirmando que muitos conservadores não estavam de acordo que ela negociasse com a oposição "para buscar uma posição unida e bipartidária".
May afirmou que ela própria também não queria isso. "Mas temos que encontrar uma maneira de romper o bloqueio – e acho que os resultados das eleições locais mostram novamente a urgência", escreveu a primeira-ministra. "Continuaremos a negociar".
Na realidade, o Reino Unido deveria ter deixa a UE no final de março. O prazo foi prorrogado até 31 de outubro, após May ter fracassado três vezes na votação parlamentar sobre o seu acordo de saída do bloco europeu.
Nas eleições municipais na última quinta-feira na Irlanda do Norte e em grande parte da Inglaterra, os conservadores perderam, em comparação com os resultados de quatro anos atrás, 1.335 assentos de um total de 4 mil, como também a maioria que detinham em 45 conselhos distritais.
O Partido Trabalhista perdeu 86 assentos. Claros ganhadores foram os democrata-liberais pró-europeus, que angariaram 704 mandatos adicionais, como também os verdes.
Na terça-feira, as negociações oficiais entre o governo e a oposição sobre o Brexit deverão ter prosseguimento. No entanto, um acordo entre os conservadores e os trabalhistas sobre uma saída rápida da UE poderia levar a conflitos intrapartidários em ambos os lados.brexit
Os radicais conservadores pró-Brexit são claramente contra uma permanência na união alfandegária. Uma grande parte do Partido Trabalhista, por sua vez, é contra um segundo referendo – com a opção da permanência do Reino Unido na União Europeia.
CA/dpa/afp/ots
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