Guaidó tenta convencer militares da legalidade de transição política

O deputado e autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, disse hoje (3), que a oposição tem procurado conversar com todos os setores dispostos a contribuir para uma “transição política pacífica” no seu país. Guaidó confirmou que, nas últimas semanas, líderes oposicionistas se reuniram com representantes das Forças Armadas e de outros segmentos a fim de convencê-los da constitucionalidade da destituição de Nicolás Maduro do poder e da realização de novas eleições.

“Vamos conversar com todos os funcionários civis e militares. Não importa de onde venham. [Vamos falar] com todos que estejam dispostos a colaborar com o fim da usurpação, com o governo de transição e com a realização de eleições livres”, disse Guaidó ao participar, em Caracas, de uma entrevista coletiva junto com representantes da Junta Diretiva da Assembleia Nacional.

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Líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, diz que povo deve continuar com os protestos, de forma cívica e pacífica - Reuters/Carlos Garcia Rawlins/Direitos reservados

Ontem (2), o líder oposicionista Leopoldo López disse a repórteres que, embora cumprindo prisão domiciliar, com restrições à atividade política, realizou reuniões políticas em sua própria casa e, “por mais de três semanas”, se reuniu com oficiais das Forças Armadas. “Na minha condição de preso domiciliar, me reuni com comandantes, com generais e com distintos representantes das Forças Armadas e dos organismos policiais. Nos comprometemos em contribuir com o fim da usurpação”, disse López, referindo-se ao mandato presidencial de Nicolás Maduro.

López, Guaidó e outros porta-vozes da oposição asseguram que o objetivo do movimento que tenta catalisar a insatisfação popular em meio a grave crise econômica e política que atinge o país é destituir Maduro do poder e realizar eleições. “É possível uma transição democrática, rápida, para realizarmos eleições livres”, assegurou Guaidó.

Militares

O autodeclarado presidente voltou a garantir que os militares que deixarem de cumprir as ordens chavistas a fim de contribuir para a transição de governo serão anistiados e respaldados. “Não pretendo que os militares se ponham ao lado de Juan Guaidó ou da Assembleia Nacional, mas sim da Constituição que nos garante a realização de uma eleição livre no menor espaço de tempo possível”, disse Guaidó antes de voltar a apelar à população que saia às ruas amanhã (4).

“Sabemos que temos que continuar com os protestos, de forma cívica, pacífica”, disse Guaidó, refutando perguntas que classificavam como um fracasso a convocação da última terça-feira (30), quando milhares de venezuelanos atenderam ao chamado dos líderes da oposição, que garantiam ter obtido o apoio militar necessário para derrubar Maduro.

“Fracasso é que não haja luz [no estado de] em Maracaibo. Que Maduro continue usurpando funções”, afirmou Guaidó. “Vamos seguir e vamos vencer. Estamos muito perto disso. Temos muito respaldo, e não apenas internacional. Somos cada vez mais [gente] nas manifestações. Há dias em que mais gente sai às ruas, outros em que sai menos, mas continuamos sendo maioria.”

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