Embaixador do papa na França investigado por assédio sexual
O núncio apostólico (embaixador do papa) na França, Luigi Ventura é alvo de uma investigação por "agressão sexual" depois que um funcionário da prefeitura de Paris denunciou que o prelado de 74 anos o "apalpou várias vezes" durante uma cerimônia oficial.
Este caso vem à tona num momento em que a Igreja Católica se depara em vários países do mundo com múltiplos escândalos de abuso sexual que mancham sua imagem.
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Um processo foi aberto em 24 de janeiro pela Procuradoria de Paris, segundo confirmou uma fonte judicial nesta sexta-feira, após a notícia ser dada pelo jornal Le Monde.
A prefeitura de Paris informou na véspera à promotoria que, de acordo com o artigo 40 do Código Penal, um funcionário municipal queixou-se de repetidos toques por parte prelado italiano durante uma cerimônia na prefeitura, em 17 de janeiro.
"Houve um incidente durante uma cerimônia de Ano Novo, na saudação das autoridades diplomáticas, e logo foi tomada a decisão de notificar o procurador da República", disse Patrick Klugman, vice-prefeito encarregado das relações internacionais.
"Durante esta saudação, um funcionário da prefeitura foi repetidamente vítima, três vezes, de manuseios sexuais bastante atrevidos, um aperto firme nas nádegas, e um diante de uma testemunha", segundo informou um funcionário da prefeitura à AFP.
O funcionário de 30 anos fez uma reclamação a seus superiores hierárquicos, que transmitiram sua acusações à justiça. Ele trabalha na Delegação Geral para Relações Internacionais (DGRI) da prefeitura.
"A nunciatura não tem nada a declarar", afirmou a nunciatura contada pela AFP.
Em Roma, a Santa Sé limitou-se a dizer que estava ciente da abertura da investigação.
"Aguardamos as conclusões da investigação", disse o porta-voz do Vaticano Alessandro Gisotti.
Diplomata de carreira do Vaticano, Dom Ventura trabalha desde 2009 em Paris, e é encarregado das relações da Santa Sé com as autoridades francesas, de um lado, e com os bispos da França, de outro.
Em seu cargo, o bispo Ventura goza de imunidade diplomática.
Doutor em letras modernas e licenciado em lei canônica, entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1978.
Trabalhou na nunciatura no Brasil, Bolívia e Reino Unido, antes de ser nomeado em 1995 assessor do Secretário de Estado, a serviço das relações entre a Santa Sé e os Estados.
Mais tarde, foi enviado por João Paulo II como núncio apostólico na Costa do Marfim, Burkina Faso e Níger (1995), Chile (1999) e Canadá (2001), antes de ser nomeado para a capital francesa.
A revelação em 2018 dos enormes escândalos de pedofilia dentro da Igreja nos Estados Unidos, no Chile, na Alemanha, entre outros países, abalou profundamente a credibilidade da Igreja Católica.
O papa Francisco, que pediu "tolerância zero" nesses casos, prometeu que seria intransigente com a hierarquia eclesiástica.
O papa argentino convocou uma reunião crucial de 21 a 24 de fevereiro, que reunirá os presidentes das confederações episcopais de todo o mundo no Vaticano para discutir a luta contra os abusos sexuais cometidos por membros do clero.
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