Participamos do

EUA e países europeus expulsam em massa diplomatas russos após morte de ex-espião

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, avaliou que a decisão dos EUA de expulsar 12 diplomatas que trabalham na missão russa para as Nações Unidas foi "uma medida muito infeliz e muito hostil"
19:03 | Mar. 26, 2018
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Os governos de Estados Unidos, Canadá e 14 países europeus expulsaram de forma coordenada nesta segunda-feira 107 diplomatas russos, vários deles acusados de espionagem, como resposta ao ataque químico contra um ex-agente duplo no Reino Unido.
Trata-se de uma reação em bloco ao ataque químico contra o ex-agente Serguei Skripal e sua filha, que ocorreu no início de março em Salisbury, no Reino Unido, em um atentado que o governo britânico atribui à Rússia. 

[SAIBAMAIS]

O governo russo, por sua vez, reagiu com firmeza e afirmou que a decisão conjunta de expulsar diplomatas era um "gesto provocativo". O passo mais enérgico foi dado pela Casa Branca, que ordenou a expulsão de 60 diplomatas russos - incluindo 12 que trabalham na representação do país na ONU -, acusando-os de serem "oficiais de inteligência". 

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

 

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, avaliou que a decisão dos EUA de expulsar 12 diplomatas que trabalham na missão russa para as Nações Unidas foi "uma medida muito infeliz e muito hostil". Além disso, o presidente dos Estados Unidos determinou o fechamento do consulado russo na cidade de Seattle, no noroeste do país, em razão de sua proximidade da base de submarinos de Kitsap e da base da Boeing. Assim, os 12 russos que atuam na representação perante a ONU e os outros 48 credenciados em Washington e Nova York têm agora o prazo de uma semana para deixar o território americano.

 

Uma autoridade americana declarou que a ordem de Trump representava a maior expulsão de funcionários russos da história. Em dezembro de 2016, o governo do então presidente Barack Obama determinou a expulsão de 35 diplomatas russos pela suposta interferência de Moscou nas eleições presidenciais daquele ano, nas quais Trump foi o vencedor.

 

Em uma nota oficial, a Casa Branca disse que a medida foi tomada "em conjunto com nossos aliados e parceiros da Otan em todo o mundo". Enquanto isso, na Bulgária, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que "em conjunto, 14 países da União Europeia decidiram expulsar diplomatas russos". Tusk acrescentou que "novas medidas adicionais, incluindo mais expulsões, não estão excluídas nos próximos dias". Alemanha, França e Polônia expulsaram cada um quatro diplomatas russos; República Checa e Lituânia três; Itália, Dinamarca e Holanda dois, e Letônia, Estônia e Finlândia um.

 

Os outros três países que ordenaram expulsões são Romênia, Suécia e Croácia. As medidas afetam no total mais de 30 diplomatas. Simultaneamente, o governo canadense anunciou a expulsão de quatro diplomatas russos, enquanto as autoridades da Ucrânia informaram a ordem de saída de 13 representantes diplomáticos russos. Já o governo da Islândia anunciou que não enviará autoridades à cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol, que será disputada na Rússia. No Twitter, o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, agradeceu a "extraordinária resposta de nossos aliados". O gesto, segundo o chefe da diplomacia britânica, é "o maior movimento de expulsões de agentes russos da história".

 

Moscou reagiu energicamente à expulsão de seus diplomatas. Em um comunicado do ministério das Relações Exteriores, o governo russo disse que a expulsão de muitos de seus diplomatas é um "gesto provocativo". "Esta decisão hostil não ficará sem resposta", garantiu a chancelaria da Rússia. Os 17 países que hoje anunciaram a expulsão de diplomatas "se deixaram levar por Londres sem pensar nas circunstâncias do que aconteceu", acrescentou. Falando à imprensa russa, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, reiterou que o governo russo não tem responsabilidade no ataque contra Skripal e sua filha. "Lamentamos esta decisão explicada pelo caso Skripal. Já dissemos e repetimos: a Rússia nunca teve e não tem nada a ver com este caso", disse ele.

 

Segundo as autoridades britânicas, o ataque a Skripal e sua filha foi realizado com um agente neurotóxico Novichok, que, segundo afirma, é produzido apenas na Rússia. A existência deste programa foi revelada nos anos 90 por Vil Mirzayanov, um químico russo refugiado nos Estados Unidos, que afirma que os agentes tóxicos foram criados na década de 1980 por cientistas soviéticos. Nesta segunda-feira, o Departamento de Estado pediu à Rússia que "assuma a responsabilidade por suas ações".

 

 

AFP

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente