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Aos 91 anos, morre Paul Bocuse, "papa" da gastronomia francesa

Bocuse foi um dos pioneiros da "nouvelle cuisine", que ressignificou o modo tradicional francês de cozinhar
16:12 | Jan. 20, 2018
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Segundo informação dada neste sábado, 20, pelo ministro francês do Interior, Gérard Collomb, o chef de cozinha Paul Bocuse faleceu. O "papa" da gastronomia francesa, como era chamado, sofria da doença de Parkinson.

"Paul Bocuse morreu, a gastronomia está de luto, o Sr. Paul foi a França, a simplicidade e a generosidade, a excelência e a arte de viver, o papa da gastronomia nos deixou", publicou o ex-prefeito de Lyon, Collomb, em sua conta no Twitter.

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Bocuse foi um dos pioneiros da "nouvelle cuisine", que ressignificou o modo tradicional francês de cozinhar. Menos manteiga e creme, além do foco em ingredientes frescos e apresentação elegante eram características do estilo de Bocuse.

Nascido em 1926, ele fez seus primeiros pratos aos 10 anos, em uma casa de refeição familiar. Em 1958, abriu seu primeiro restaurante, o estabelecimento familiar L'Auberge du Point, que foi renomeado com o seu nome.

O ponto alto da sua carreira veio na década de 1970, com a nova cozinha, corrente gastronômica que se tornou o pilar da modernidade culinária devido ao seu livro, "A cozinha de mercado".

Em 1987, ele criou o concurso Bocuse d'Or, um prestigiado concurso de gastronomia bienal. Com isso, o chef de cozinha contribuiu para a formação de seus sucessores com a fundação em 1990 do Instituto Bocuse, com sede em Lyon.

Sua mulher, Raymonde Bocuse, sua filha Françoise e o filho Paul, este último fruto de uma segunda relação, manifestaram seu "imenso pesar".
"Nosso 'capitão' faleceu neste 20 de janeiro às 10h (horário local), no alvorecer de seus 91 anos. Era mais do que um pai e um esposo: um homem de coração, um guia espiritual, uma figura emblemática da gastronomia mundial e um portador da bandeira francesa", disseram em uma nota.

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Segundo uma fonte próxima à família, Bocuse "partiu em paz" durante sua sesta matinal no albergue onde fica seu restaurante de Collonges. Nada levaria, aliás, a suspeitar da triste notícia neste sábado, com os funcionários mantendo o sorriso e o atendimento característicos.
"Hoje, a gastronomia francesa perde uma figura mítica, que a transformou profundamente. Os chefs choram em suas cozinhas no Eliseu, em toda França. Mas seguirão com seu trabalho", lamentou o presidente Emmanuel Macron, em um comunicado.

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O encarregado do conhecido guia Gault & Millau, Côme de Chérisey, lembrou o "grande homem, mas, sobretudo, quem - junto com Henri Gault e Christian Millau - lançou a 'nouvelle cuisine'. Esteve na origem desse 'big bang' que se produziu na gastronomia francesa e mundial".
Esse termo foi adotado nos anos 1970 para definir uma gastronomia mais leve, que rompia com os cânones da cozinha francesa.


"É um monumento da cozinha, alguém que valorizou essa profissão", reagiu Régis Marcon, chef francês com três estrelas e agraciado com o Bocuse d'Or em 1995, um concurso internacional de cozinha criado pelo chef em 1987 e que distingue os mais jovens na carreira.


Deixou "uma marca monumental, gigante, na gastronomia mundial", reagiu o peruano Virgilio Martínez, chef de El Central de Lima, o melhor restaurante da América Latina e o quinto melhor do mundo, segundo a lista britânica "50 Best".
José Andrés, chef espanhol radicado em Washington, onde se tornou uma referência gastronômica com uma dezena de restaurantes, assegurou: "os anjos hoje se regozijarão. Paul Bocuse uniu-se a eles. Uma influência incrível sobre tantos chefs e tanta gente".

 

Redação O POVO Online

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