Sobrevivente de Hiroshima acusa Ocidente de sabotar esforços de desarmamento
Cerca de 220 mil pessoas morreram nos bombardeios sobre essas duas cidades japonesas, há 72 anosUma sobrevivente de Hiroshima que receberá o Prêmio Nobel da Paz em nome da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican) acusou as potências nucleares ocidentais, neste sábado, 9, de "sabotarem" os esforços de desarmamento.
Vários sobreviventes dos bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki estarão presentes na cerimônia de entrega do prêmio neste domingo, 10, em Oslo. Já os embaixadores de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha não participarão do ato.
Cerca de 220 mil pessoas morreram nos bombardeios sobre essas duas cidades japonesas, há 72 anos.
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AssineContrariando a tradição, as três potências nucleares ocidentais estarão representadas por diplomatas de segundo escalão. Simbólico, o gesto marca uma posição contrária ao tratado de proibição de armas atômicas adotado por iniciativa da Ican.
Satsuko Thurlow, que tinha 13 anos quando a bomba A explodiu em Hiroshima em 6 de agosto de 1945, disse não estar "muito surpresa".
"Tentaram muitas formas de sabotar, de desacreditar o que nós tentamos fazer", declarou essa mulher de 85 anos, em entrevista coletiva em Oslo.
Hoje, ela vive no Canadá.
"Lamento que isso aconteça... Mas, talvez, isso demonstre que o sucesso que tivemos até agora realmente os incomoda", alfinetou.
Coalizão que reúne centenas de ONGs no mundo, a Ican promoveu um tratado histórico para proibir a arma atômica, adotado em julho por 122 países. Nove potências nucleares não estão entre os signatários.
Thurlow também criticou o Japão, que se encontra sob a proteção do sistema nuclear americano, por não ter firmado o tratado.
"O Japão tem uma responsabilidade moral", frisou, acrescentando que "somos os únicos que conheceram de verdade o horror" da explosão nuclear.
Entre os países que possuem a bomba, apenas o embaixador de Israel, potência nuclear não oficialmente declarada, assistirá à cerimônia no domingo, segundo o Instituto Nobel.
AFP
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