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Presidência chilena será disputada no 2º turno por ex-presidente Piñera e governista Guillier

08:19 | Nov. 20, 2017
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O ex-presidente de direita Sebastián Piñera e o senador governista Alejandro Guillier vão disputar em dezembro o segundo turno da eleição presidencial chilena, cujo resultado está em aberto e poderá ser influenciado pela esquerda radical.

Embora Piñera tenha vencido o primeiro turno no domingo, 19, como as previsões indicavam, o número de votos obtido pelo ex-presidente (2010-2014) foi menor do que o esperado, com 36,6% dos sufrágios.

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Por outro lado, os votos obtidos pela esquerda radical, representada pela jornalista Beatriz Sánchez, superaram todos os prognósticos, deixando-a com a chave para a segunda rodada.

"Piñera aparece oito ou nove pontos abaixo do que se esperava e este é um ingrediente que imprime drama e incerteza ao segundo turno. A chave será o que os eleitores que apoiaram Beatriz Sánchez farão", apontou à AFP o analista Marcelo Mella, da Universidade de Santiago.

Nenhuma pesquisa antecipava que Sánchez, uma jornalista de 46 anos que entrou para a política apenas em março, superaria 20% dos votos, o que levou a candidata a criticar as pesquisas, outra das grandes derrotadas deste dia de eleições.

"É um evento político de grande magnitude", reconheceu o senador de direita Andrés Allamand, explicando que depois de anos em que a política chilena se dividiu entre duas coalizões políticas: a ala direita de Piñera e a coalizão governamental de centro-esquerda, agora há um terceiro ator, a esquerda radical.

"Representa um desejo de renovação que não foi identificado", ressaltou o líder do partido no poder, Pepe Auth.

Cerca de 147.000 votos separaram Sánchez do senador Guillier, de 64 anos, que obteve 22,66% dos votos.

Guillier, que como Sánchez entrou para política depois de uma longa carreira nos meios de comunicação, não deve negligenciar os votos obtidos pela candidata da Democracia Cristã, Carolina Goic (5,88%), e pelo progressista Marcos Enríquez-Ominami (5,68%).

"Claramente, a Frente Ampla é a grande notícia no Chile", disse à AFP o analista Mauricio Morales, da Universidade de Talca.

Por outro lado, outra surpresa foi José Antonio Kast, o candidato de extrema direita que reivindica o legado da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990). Após obter 7,9% dos votos, é mais um jogador-chave para Piñera.

"A questão é se Guillier conseguirá mobilizar a maioria do eleitorado que votou em favor de Sánchez", diz o analista Mella.

Antes da votação, a candidata da Frente Amplo assegurou que levaria alguns dias antes de decidir agir no segundo turno.

Por sua vez, Piñera já procurou Kast para integrá-lo à sua campanha.
Considerado o "Podemos" chileno, a Frente Ampla reúne uma série de pequenos movimentos de esquerda, agrupados em torno de ex-líderes estudantis que lideraram os protestos de rua em 2011 durante o governo de Piñera para exigir educação pública gratuita e de qualidade.

Essa exigência foi acolhida pela presidente socialista Michelle Bachelet, para quem, de alguma forma, essas eleições eram uma medida do profundo programa de reformas sociais que iniciou.

"Hoje, sabemos que o Chile quer continuar avançando, é o que os cidadãos exigem, é o que as urnas disseram", afirmou Bachelet depois das eleições que também atraíram mais do que o esperado, quase 6,4 milhões de eleitores.

Nas eleições parlamentares que ocorreram em paralelo, a direita conquistou o maior número de senadores e deputados, mas não o suficiente para ter uma maioria absoluta no Congresso. A Frente Ampla obteve cerca de 20 deputados e um senador, um marco.

AFP

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