Chefe da Farc exige que presidente da Colômbia cumpra acordos de paz
O chefe máximo das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, exigiu do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que cumpra com as promessas e com o que foi assinado nos acordos de paz de Havana, depois de acusá-lo de descumprir "as garantias mínimas" do pacto.
"A imensa família das Farc está inconformada e indignada. Milhares de combatentes, milicianos, apoios clandestinos, militantes políticos, seguidores e comunidades que acreditaram de boa fé na seriedade do Estado colombiano pedem desta direção um posicionamento enérgico", assinalou Timochenko em carta dirigida a Santos, datada em Havana e publicada na segunda-feira no site das Farc.
"Que se cumpra o prometido e assinado, presidente Santos. É tempo de paz, o mundo inteiro o proclama", declarou o chefe guerrilheiro, eleito presidente da Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), partido político que os guerrilheiros lançaram este mês.
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AssineNa carta, Timochenko lembrou que em uma reunião realizada em maio com o governo foi analisado "o cumprimento das obrigações derivadas do acordo final" de paz, onde foram estabelecidas as "garantias mínimas" para os guerrilheiros e que o governo as "tornasse efetivas (...) antes da deposição das armas", processo finalizado em julho, e que "até hoje não se cumpriu".
Entre esses incumprimentos, destacou o compromisso do governo de libertar todos os prisioneiros das Farc creditados pelo Escritório do Alto Comissariado para a Paz, e "a suspensão (...) de todas as ordens de captura de integrantes das Farc".
"São milhares os ex-combatentes (...) que não recebem a transferência mensal de 95% do salário mínimo" acordado, e o "acesso à saúde" dos guerrilheiros "passa pelas mais incríveis dificuldades", denunciou Timochenko.
"As Farc cumpriram de maneira sagrada a deposição das armas. O que explica então o desinteresse oficial para honrar a palavra dada?", questionou-se o chefe guerrilheiro.
Além disso, considerou que "a Colômbia está em uma encruzilhada histórica. Ruma para os caminhos da paz, da democracia e da justiça social traçados pelos Acordos de Havana, ou se afunda em um mar de violência como consequência de sua violação e incumprimento".
Timochenko também lançou um chamado "à comunidade internacional, às Nações Unidas, à União Europeia, Celac, Unasul, ao Vaticano, aos países patrocinadores e acompanhantes do processo a agir para que a grande obra da paz se mantenha", e pediu aos colombianos que não permaneçam "impassíveis ante esta grave conjuntura".
O governo de Santos e as Farc assinaram em novembro um histórico acordo para acabar com meio século de conflito armado. O pacto, em essência, busca a transformação dos ex-guerrilheiros em uma força política legal.
AFP
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