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Impressão 3D ressuscita obras da arte milenar chinesa

14:41 | Ago. 04, 2017
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Parecem relíquias de uma época passada, mas a enigmática cabeça de buda da dinastia Tang ou a coleção de soldados da era Qin são, na realidade, reproduções criadas em uma pequena empresa do norte da China com impressoras 3D.

Em Xian, capital da província chinesa de Shaanxi (noroeste), berço do Exército de terracota e do milenar Pagode do Grande Ganso Selvagem, um estúdio usa a tecnologia de impressão em 3D para imitar a arte antiga.

"Todos os intrincados detalhes do desenho original são reproduzidos em um molde 3D", contou à AFP Xi Xin, presidente da empresa Xian Chizi Digital Technology.

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"Os humanos podem não ser capazes de reproduzir tudo que querem no desenho, mas a impressora pode fazer tudo", indicou.

A empresa, que vende seus produtos em lojas de museus e para colecionadores, é um dos negócios que estão se beneficiando da incursão chinesa na impressão em três dimensões, uma indústria que cresce rápido e que se incorporou à estratégia nacional manufatureira do país.

"Nos últimos cinco anos, a indústria da impressão em 3D na China passou de um bilhão de iuanes (149 milhões de dólares) a mais de 100 bilhões de iuanes (14,9 bilhões de dólares)", contou à AFP Luo Jun, presidente da associação nacional de profissionais de tecnologias de impressão 3D.

A impressão 3D chegou à China na década de 1990, explicou Luo, graças a catedráticos das universidades de Tsinghua e de Huazhong que levaram a tecnologia dos Estados Unidos.

O desenvolvimento doméstico desses métodos foi lento no início, mas a indústria se beneficiou do apoio do governo.

O conselho estatal chinês "Made in China 2025" inclui em seu plano de desenvolvimento industrial a promoção de "novos avanços na impressão 3D" como prioridade para o crescimento na próxima década.

Para o Ministério de Ciência e Tecnologia, a impressão 3D é um dos seus 13 projetos prioritários para a inovação tecnológica.

"A escala da indústria da impressão 3D na China ultrapassou as da Europa e dos Estados Unidos", disse Luo.

A empresa de tecnologia digital Xian Chizi vem desenvolvendo há 10 anos sua tecnologia de desenho 3D, empregando uma máquina estereolitográfica para imprimir réplicas digitais de artefatos históricos cuidadosamente construídas.

O processo de desenho pode levar entre um e três meses, enquanto que a impressão pode requerer até várias semanas para as peças mais elaboradas.

Quando se completa um protótipo, começa-se a produzir em massa em uma fábrica usando o mesmo material - normalmente madeira ou cobre - que a relíquia na que se baseou.

"Nossos clientes não compram nossos produtos por seu aspecto de impressão 3D, mas esta facilita as coisas", disse Xi.

Por exemplo, se um cliente decide que quer um elefante de 80 centímetros em vez de um de 50 cm, é só questão de programar a impressora 3D com esses parâmetros.

A empresa de Xi também faz moldes impressos em 3D para os escultores que os usam como modelos de suas próprias obras feitas à mão.

O produto final - miniaturas pintadas vendidas por entre 20 e 500 iuanes (entre 3 e 74 dólares) - faz sucesso entre os turistas que chegam a Xian, conhecida como a mais antiga das quatro grandes capitais imperiais da China.

As estatuetas estão sendo vendidas no mausoléu de Qin Shi Huang, o primeiro imperador chinês, e de seu Exército de terracota.

Graças à impressão 3D, os visitantes dessa sepultura do ano 200 a.C. podem levar para casa reproduções exatas dos soldados que cabem na palma da sua mão.

AFP

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