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Cidade americana se prepara para receber passeata da Ku Klux Klan

18:51 | Jul. 08, 2017
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Simpatizantes do grupo supremacista branco Ku Klux Klan (KKK) se manifestam, neste sábado, em Charlottesville, nos Estados Unidos, contra a remoção de uma estátua do general Robert E. Lee, comandante dos exércitos confederados na Guerra de Secessão americana.

Os manifestantes da KKK foram recebidos com vaias por contra-manifestantes nessa tranquila cidade universitária, onde o protesto do famoso grupo supremacista branco foi autorizado pelas autoridades do estado da Virgínia sob o argumento da liberdade de expressão.

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Durante a marcha, dezenas de manifestantes -alguns com bandeiras da Confederação, poucos usando o capuz branco que caracteriza os membros do Klan- desfilaram para centenas de pessoas que gritavam "racistas, voltem para casa!", entre outras frases de protesto.

Os dois grupos estavam separados por uma barricada de metal e uma fileira de policiais armados.

A mobilização gerou um acalorado debate nos Estados Unidos. Os críticos do supremacismo alegam que a extrema direita foi fortalecida pela eleição de Donald Trump à presidência.

Seja a Ku Klux Klan, a Alt Right (Direita Alternativa) ou grupos supremacistas brancos em geral, os conservadores encontraram uma nova forma de defender a bandeira confederada e os monumentos do sul dos Estados Unidos que homenageiam o período da escravidão.

Para muitos americanos, esses são símbolos anacrônicos e memórias atrozes do racismo. Eles têm pressionado autoridades para removê-los de espaços públicos.

O debate acontece em vários estados da antiga Confederação e até mesmo em Washington, cuja Catedral Nacional exibe um soldado confederado num dos vitrais.

Charlottesville, uma cidade de 50 mil habitantes, não foi palco de nenhuma grande batalha na guerra civil, entre 1861 e 1865. Mesmo assim, os ânimos têm andando acirrados.

Com histórico pró-democrata e fortemente vinculada à universidade fundada por Thomas Jefferson em 1819, a população abomina a chegada da KKK, pequeno grupo supremacista baseado na Carolina do Norte.

Muitos moradores disseram que planejam nem chegar perto do parque onde o grupo pretende se reunir. Outros, querem expor sua rejeição à intolerância racial em assembleias ou reuniões de orações.

A polícia local, comandada por um oficial negro, organizou um sistema de segurança para evitar incidentes.

Os membros da KKK não vão poder usar os capuzes brancos característicos do grupo. As batas brancas que completam o traje, associado a linchamentos e assassinatos de homens e mulheres negros, deixaram de ser usadas.

A decisão de retirar a estátua de Lee foi tomada em fevereiro, após anos de debates que deixaram feridas profundas.

Atualmente, a remoção está suspensa: um juiz impediu a retirada até que uma corte de apelação reavalie o caso.

A base da controversa estátua foi pintada de vermelho na noite desta sexta-feira, mas funcionários municipais já limparam a tinta neste sábado.

Assistindo à limpeza, o aposentado sexagenário Mason Pickett lamenta a decisão de retirada da estátua tomada por Charlottesville, uma cidade "ultraprogressista e inclusive socialista".

"As estátuas representam a história, com seu lado belo e seu lado escuro. As pessoas podem lamentar, ou apoiar, mas é história", disse.

Tina Young, advogada de 49 anos, discorda. Em um século, a Virgínia e outros estados do sul tiveram a oportunidade de corrigir as homenagens aos líderes confederados, mas não fizeram, destaca.

"Robert E. Lee tem muitos admiradores no sul, em parte porque a educação sulista ensina que foi um homem nobre, um cavalheiro, que trabalhou muito pela reconciliação após o fim da guerra", disse Kristin Szakos, integrante do conselho municipal e partidária da remoção.

"Para muita gente, Lee também é problemático, especialmente nessa estátua, em que está com trajes de batalha completo, cavalgando contra os Estados Unidos", completou.

Em 1925, no seu apogeu, a KKK tinha cerca de 4 milhões de membros. Atualmente, entre 5 mil e 8 mil, segundo um centro de pesquisa que estuda grupos extremistas nos Estados Unidos.

 

AFP

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