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Cannes apreensiva, espera veredito do júri de Almodóvar

09:16 | Mai. 28, 2017
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Tipo Notícia
Os tambores ressoam em Cannes, enquanto o júri de Pedro Almodóvar decide em conclave qual filme será neste domingo Palma de Ouro, num 70º Festival confrontado às novas maneiras de exibição de obras cinematográficas. 
 
A história de uma associação francesa de luta contra a aids em "120 battements par minute", o drama de um casal russo com um filho que não deseja ("Loveless") e o thriller de um herói perturbado e brutal que resgata menores de idade das garras da prostituição ("You were never really here") são os favoritos dos críticos para o Graal da sétima arte. 
 
Com Almodóvar, primeiro espanhol a presidir o júri do Festival, quatro homens e quatro mulheres, incluindo os americanos Will Smith e Jessica Chastain, a alemã Maren Ade e o italiano Paolo Sorrentino, isolaram-se do mundo em um palácio cuja localização é mantida em segredo. 
 
Eles devem entrar em consenso sobre a entrega dos palmares depois de terem assistido os 19 filmes selecionados pelos organizadores do evento. ,
"I, Daniel Blake", do britânico Ken Loach, uma crítica feroz ao liberalismo, foi coroado em 2016. 
 
Em meio a tanto sigilo, os laureados sabem pouco mais do que o público. Durante o dia, receberão um telefonema convidando-os para a cerimônia de encerramento. Saberão que ganharam, mas não qual prêmio. E só vão ser contactados aqueles que estiveram em Cannes ou a algumas horas de distância de avião. 
 
Por isso, muitas vezes, há grandes ausências no momento da entrega dos palmares.
Nos filmes favoritos da crítica também se destacam os preferidos para os prêmios de atuação: o jovem  argentino Nahuel Pérez Biscayart em "120 battements par minute", do francês Robin Campillo, o americano Joaquin Phoenix em "You were never really here", assim como o britânico Robert Pattinson, que interpreta um criminoso no filme de ação "Good Time", dos irmãos nova-iorquinos Josh e Ben Safdie. 
 
Entre as atrizes, a luta é travada entre Maryana Spivak, de "Loveless", do russo Andrei Zvyaguintsev; Nicole Kidman, aplaudida em dois papéis em "O estranho que nós amamos", de Sofia Coppola e "The Killing of a Sacred Deer", do diretor grego Yorgos Lanthimos, e a alemã Diane Kruger ("In the Fade", do turco-alemão Fatih Akin). 
 
"Seria um enorme paradoxo" premiar um filme que não será exibido nos cinemas, declarou Almodóvar na abertura do Festival, referindo-se às duas obras em disputa do Netflix, que decidiu não liberá-las na França em razão de uma regulamentação nacional, que estimou que o penalizava. 
 
Com estas palavras, Almodóvar pareceu excluir o triunfo da sul-coreana "Okja" e da americana "The Meyerowitz Stories", com Dustin Hoffman, mas depois afirmou que suas palavras tinham sido mal interpretadas de acordo com um jornalista do site especializado Indiewire. 
 
Mas o debate sobre as plataformas como Netflix, que não seguem necessariamente os canais de distribuição tradicionais, está servido e a maioria dos cineastas no tapete vermelho em Cannes expressaram sua opinião sobre a questão, defendendo, em geral, um terreno de entendimento. 
 
"Todas as opções devem coexistir (...) Não há problema um gigante com um monte de dinheiro produzir conteúdo, o problema é quando Netflix diz que não se preocupa com as salas de cinemas e depois vem a Cannes para se beneficiar daquilo que os cinemas têm dado a Cannes", expressou à AFP o cineasta brasileiro Kleber Mendonça ("Aquarius"), presidente da Semana da Crítica, uma seção paralela. 
 
Para a próxima edição, o Festival introduziu uma nova regra, que, em princípio, exclui Netflix: para competir em Cannes primeiro deve comprometer-se a divulgar o filme nos cinemas franceses. 
 
AFP

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