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Seria 2017 um ano ideal para revoluções?

Períodos terminados em sete costumam ser marcados por agitações
09:11 | Mar. 28, 2017
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Em dezembro de 2016, o célebre sangue de San Gennaro (São Januário, em português), exibido todos os anos em Nápoles, no sul da Itália, não se liquefez diante da multidão, o que, para os mais fiéis, costuma ser um presságio de catástrofes na cidade e no país - para citar um exemplo, uma dessas ocasiões ocorreu pouco antes da entrada da península na Segunda Guerra Mundial.

 

Mas, para os adeptos de teorias cabalísticas, existe outro fator que pode indicar um 2017 agitado: anos terminados em sete já marcaram a história com conflitos e revoltas determinantes para o presente da humanidade. A começar pela mais famosa delas, a Revolução Russa de 1917, que derrubou mais de três séculos de czarismo e implantou o comunismo na maior nação do planeta.

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Em 8 de março daquele ano (ou 23 de fevereiro pelo antigo calendário juliano), operárias entraram em greve e deram o pontapé inicial em um movimento de trabalhadores que, uma semana depois, culminaria na queda do czar Nicolau II. Em outubro, os bolcheviques venceriam a disputa interna pelo poder e assumiriam a condução do país.

 

Curiosamente, foi também em um ano terminado em sete, 1867, que o filósofo Karl Marx publicou o primeiro volume de "O Capital", obra que serviria de combustível ideológico à Revolução Russa. Outro manifesto que chacoalhou os pilares das instituições então vigentes foi aquele divulado em 1507 pelo monge alemão Martinho Lutero.

 

Na igreja do castelo de Wittenberg, o padre colocou um documento com 95 teses para revolucionar a então dominante Igreja Católica, servindo de embrião para as diversas confissões protestantes que surgiriam nos séculos seguintes e tomariam boa parte da influência angariada pelo Vaticano. Lutero era contra principalmente à "venda" do perdão aos fiéis - a chamada indulgência - e ao luxo cultivado pelo papado.

 

Brasil

 

Anos terminados em sete também já foram determinantes na história brasileira, como 1937, quando o então presidente Getúlio Vargas, alegando a existência de um "complô comunista", deu um golpe, impôs uma nova Constituição e fundou o Estado Novo. Esse período duraria até 1945 e seria marcado pelo autoritarismo e por um sentimento fortemente nacionalista.

 

Foi também durante esse regime que o país viveu um intenso período de industrialização e a instituição, em 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), cuja espinha dorsal, como direito a férias anuais, salário mínimo, previdência social e organização em sindicatos, permanece em vigor até hoje.

120 anos antes do início do Estado Novo, um grupo de revoltosos deflagrou a Revolução Pernambucana, que protestava contra os gastos da corte portuguesa recém-imigrada ao Brasil e pretendia implantar o regime republicano. O movimento tinha dois padres, João Ribeiro e Miguelinho, e acabou rapidamente sufocado pelas forças de Dom João VI.

 

Essa foi a primeira grande insurreição do período colonial e era inspirada no Iluminismo, a base intelectual da Revolução Francesa, que não começou em um ano terminado em sete, mas no século de 1700, em 1789. A bandeira da Revolução Pernambucana é ainda hoje o mesmo estandarte usado pelo estado nordestino.

 

É sempre arriscado fazer previsões sobre o que pode acontecer no mundo ao longo de um ano, ainda mais baseando-se em superstições cabalísticas ou religiosas. Mas é inegável que o planeta reúne atualmente muitas das condições que costumam fomentar revoltas: desigualdade social, fome, movimentos migratórios de massa, nacionalismo crescente, polarizição. É esperar para ver.

 

Agência ANSA

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