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Greenpeace pede que Europa amplie proibição de pesticidas nocivos a abelhas

14:35 | Jan. 12, 2017
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A Europa deveria expandir a proibição dos pesticidas prejudiciais às abelhas, afirmou o grupo ambientalista Greenpeace nesta quinta-feira, ao divulgar um relatório que alerta para os riscos generalizados à agricultura e ao meio ambiente.

O relatório, encomendado pelo Greenpeace a biólogos da Universidade de Sussex, concluiu que a ameaça que os pesticidas neonicotinoides representam para as abelhas era maior do que foi estabelecido em 2013, quando a União Europeia adotou uma proibição parcial.

"Novas pesquisas reforçam os argumentos para a imposição de uma moratória" ao uso de três neonicotinoides - clotianidina, imidacloprida e tiametoxam, concluiu a análise.

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"Tornou-se evidente que eles representam riscos significativos para muitos organismos, não apenas abelhas", acrescentou.

Uma revisão global de novembro passado apontou que cerca de 1,4 bilhão de empregos e três quartos de todas as colheitas dependem de polinizadores, principalmente abelhas.

Há cerca de 20.000 espécies de abelhas responsáveis por fertilizar mais de 90% dos 107 principais cultivos do mundo.

No ano passado, as Nações Unidas disseram que 40% dos polinizadores invertebrados - particularmente as abelhas e borboletas - correm risco de extinção mundial.

As populações de abelhas foram atingidas na Europa, América do Norte e outros lugares por um misterioso fenômeno chamado "distúrbio do colapso das colônias". A praga foi atribuída a ácaros, um vírus ou fungo, pesticidas, ou uma combinação de fatores.

"Esses insetos essenciais estão em sérias dificuldades", escreveu o Greenpeace em um prefácio ao relatório de quinta-feira, que segundo seus autores envolveu a análise de centenas de estudos científicos publicados desde 2013.

"O caso de que os neonicotinoides estão contribuindo para a diminuição das abelhas selvagens e agravando problemas de saúde das abelhas é mais forte do que era quando a proibição parcial da UE foi adotada", disse o coautor Dave Goulson.

Os neonicotinoides também parecem estar ligados a declínios nas populações de borboletas, pássaros e insetos aquáticos, disse Goulson em um comunicado.

"Dada a evidência de danos ambientais tão generalizados, parece prudente estender o alcance da atual restrição europeia", afirmou.

Os neonicotinoides são pesticidas sintetizados em laboratório com base na estrutura química da nicotina.

Eles foram introduzidos em meados da década de 1990 como um substituto menos nocivo a antigos tipos de pesticidas, e hoje são amplamente utilizados. São absorvidos pela planta em crescimento e atacam o sistema nervoso de pragas de insetos.

Mas estudos apontaram que os neonicotinoides são responsáveis por prejudicar a reprodução e a procura de alimentos das abelhas, ao diminuir a qualidade do esperma e embaralhar a memória e funções de navegação. Eles também têm sido associados a uma menor resistência a doenças.

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) declarou em 2013 que os neonicotinoides representavam um "risco inaceitável" para as abelhas, e determinou uma moratória temporária, que excluía o uso desses pesticidas em cevada e trigo, assim como em jardins e espaços públicos.

Uma nova avaliação dos neonicotinoides pela EFSA está prevista para ser concluída no segundo semestre deste ano.

AFP

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