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PIB do Brasil se contrai pelo sétimo trimestre consecutivo por falta de investimentos

Em 2015, o PIB brasileiro caiu 3,8% e, para 2016, o governo projeta uma queda de 3,5%, alinhado com a última pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BCB) com 100 analistas e investidores
17:49 | Nov. 30, 2016
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Tipo Notícia
A economia do Brasil se contraiu 0,8% no terceiro trimestre e encadeou seu sétimo retrocesso consecutivo, afetada, principalmente, pela prudência dos investidores durante um momento de incerteza política.
Apesar de tudo, esse dado, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é melhor do que a queda de 0,9% prevista por 50 economistas consultados pela agência Bloomberg.
No segundo trimestre, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) havia sido de 0,4%.
Em termos interanuais, o PIB da maior economia da América Latina registrou uma contração de 2,9%, entre julho e setembro, a décima queda consecutiva desse indicador.
O país enfrenta sua pior recessão em mais de um século e as expectativas do mercado pioraram nas últimas semanas, apesar dos esforços do governo de Michel Temer de emplacar medidas de austeridade para devolver a confiança aos investidores.
Em 2015, o PIB brasileiro caiu 3,8% e, para 2016, o governo projeta uma queda de 3,5%, alinhado com a última pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BCB) com 100 analistas e investidores.
Essas projeções são melhores do que a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um aumento de 0,5% do PIB em 2017, assim como da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que aposta em um crescimento nulo no próximo ano.

Na comparação trimestral, o PIB industrial caiu 1,3%; o agrícola, 1,4%; e o dos serviços, 0,6%. No ramo das indústrias, apenas as atividades de extração registraram um aumento, de 3,8%, "impulsionadas pela extração do petróleo e do gás natural", explicou o IBGE.
A taxa de investimento (formação bruta de capital fixo) se retraiu 3,1%, depois de ter crescido 0,5% no período de abril a junho. E o consumo dos lares registrou uma queda de 0,6%, o que também representou uma sétima retração consecutiva. Os gastos do governo também sofreram uma contração de 0,3%.
"Houve uma desaceleração do crédito e uma desaceleração do mercado de trabalho, o que supõe que a recuperação do consumo vai demorar bastante", disse à AFP o economista Ignacio Crespo, do Guide Investimentos.
Nesse contexto recessivo, também caíram as exportações (-2,8%) e as importações (-3,1%).
O anúncio foi feito horas antes de o Banco Central anunciar sua política de taxas. A expectativa é que seja definido um corte de 0,25 ponto percentual, a 13,75%, que seria a segunda baixa consecutiva após quase quatro anos sem cortes.
Os setores produtivos reivindicam, porém, uma política mais ambiciosa e mais facilidade de crédito.

Já os operadores econômicos esperam, sobretudo, que se alivie o cenário político, com uma aceleração das reformas prometidas por Temer e que se esclareça o alcance das denúncias que os executivos da construtora Odebrecht, envolvida no megaescândalo de corrupção na Petrobras, preparam-se para fazer.
Na madrugada desta quarta-feira (30), o Senado aprovou a PEC 55, antiga 241, que prevê um teto e o congelamento dos gastos públicos por 20 anos - a primeira das duas votações necessárias. O Congresso espera concluir o processo antes do fim do ano, apesar dos protestos que geraram confrontos em Brasília.
A resistência popular à essa emenda pode ser apenas um preâmbulo das que poderão ser vistas quando o Legislativo abordar o sistema de aposentadorias, próximo na lista, considerado essencial pelos mercados.
O governo "tem capacidade para estimular os investimentos mediante concessões" em grandes projetos de infraestrutura, autoestradas e aeroportos, mas, para isso, são necessárias "regras claras, um ambiente político mais estável e menos dúvidas sobre as políticas fiscais", destacou Crespo.

AFP

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