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Jared Kushner, a voz que sussurra ao ouvido de Trump

08:27 | Nov. 17, 2016
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Quem realmente Donald Trump ouve? Desde que o magnata imobiliário surgiu na arena política, seus filhos Eric, Donald Jr. e Ivanka são onipresentes, embora seu fechado clã familiar também inclua seu genro, Jared Kushner, com uma visível crescente influência.
Durante a primeira reunião entre Trump e Barack Obama na Casa Branca, as imagens feitas de longe e em poucos segundos disseram o suficiente sobre o lugar ocupado por Jared, de 35 anos, marido de Ivanka e promotor imobiliário como seu sogro.
Ele é visto caminhando nos jardins da residência oficial presidencial dos Estados Unidos junto ao chefe de gabinete de Obama, Denis McDonough.
O único título ostentado por Kushner, assim como os três filhos de Trump, é o de figurar na equipe de transição que prepara a chegada do novo presidente à Casa Branca.
Mas ele é, de acordo com a imprensa americana, quem afastou Trump do governador de Nova Jersey, Chris Christie, um de seus conselheiros mais próximos, bem como duas outras pessoas de seu círculo.
Tudo isso porque Christie, durante muito tempo procurador-geral de Nova Jersey, processou por evasão fiscal e manipulação de testemunhas o pai de Jared, muito influente nesse estado e contribuinte para campanhas democratas.
A prisão de seu pai foi como uma descida ao inferno para o jovem, recém-ingressante de Harvard e estudante de MBA na Universidade de Nova York, de acordo com The New Yorker.
Seria Kushner o "Rasputin" dos tempos modernos, sussurrando ao ouvido do principiante político Trump, como fazia o russo com o czar Nicolau II? Isso é o que sugere a revista Vanity Fair.
Para Jeanne Zaino, professora de ciência política no Iona College, em Nova York, Jared Kushner conseguiu ganhar a confiança de seu genro com sua lealdade e "trabalhando duro durante a campanha", embora continue a ser um homem por trás da cena.
Ao contrário de sua esposa Ivanka, "nunca se expressa publicamente e não o vemos nas redes sociais.Temos a impressão de que se sente mais confortável quando trabalha a portas fechadas", diz ela.
Kushner é quem teria escrito alguns dos discursos-chave do candidato Trump, e quem teria empurrado para fora seu primeiro diretor de campanha, Corey Lewandowski, em junho passado.
De acordo com uma pesquisa realizada pela revista BusinessWeek, Jared Kushner, que comprou há dez anos o jornal The New York Observer, também desempenhou um papel fundamental na promoção da campanha de Trump nas redes sociais, o que permitiu evitar a hostilidade dos grandes meios de comunicação.
Depois de socorrer as contas do The New York Observer, levando o jornal para a era digital, ele teria contratado Brad Parscale, um texano especialista em marketing online que com a sua equipe conseguiu não só mobilizar os fãs de Trump, mas também desencorajar potenciais eleitores de Hillary Clinton.
Kushner também compartilha com seu sogro a próspera empresa familiar investindo em Manhattan.
Sua lealdade a Trump é ainda mais surpreendente se pensarmos que o genro vem de uma família judaica ortodoxa próxima dos democratas.
O alarme da comunidade judaica soou em julho passado após um tuíte com ares antissemita, e reproduzido por sites nazistas, que mostrava Hillary Clinton com uma estrela de seis pontas.
Naquele momento, alguns de seus amigos se perguntavam se Jared não iria romper com a campanha, uma vez que sempre viveu na tradição judaica e até mesmo encerrou uma vez o namoro com Ivanka porque ela não era judia (finalmente conseguiu convertê-la ao judaísmo).
Mas Jared decidiu defender o genro com um editorial publicado no The New York Observer, em que evoca sua família sobrevivente do Holocausto para assegurar que Trump "não é antissemita ou racista".
O que fará Kushner frente a sua rápida ascensão no mundo político? O presidente eleito já havia pedido que Jared tivesse direito a assistir às reuniões diárias, fato confirmado pela imprensa, mas negado por Trump.
Jared poderia ser tentado a expandir o seu poder no universo da mídia. Amigo do magnata australiano Rupert Murdoch, antes da eleição queria lançar um canal de televisão. "Seria como ter um canal de televisão estatal", brincou o jornal The Washington Post.
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