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Segunda noite de protestos em Milwaukee após morte de suspeito

09:30 | Ago. 15, 2016
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Uma multidão indignada apedrejou no domingo pela segunda noite consecutiva carros da polícia e incendiou lojas na cidade de Milwaukee (Wisconsin, norte), depois que a polícia abateu no sábado um afro-americano armado que tentava fugir.
A polícia, utilizando material anti-distúrbios, foi mobilizada no bairro de Sherman Park às 23h00 de domingo (01h00 de Brasília desta segunda-feira) para dispersar uma multidão revoltada e restaurar a ordem.
Este último incidente de violência ocorreu depois que vários policiais americanos foram alvos de ataques fatais, como represália pela morte de negros desarmados por policiais brancos.
Na madrugada de sábado para domingo, a polícia informou ter precisado dispersar 200 manifestantes e foram ouvidos alguns tiros durante os distúrbios.
Um policial foi levado a um hospital com um ferimento na cabeça depois de ter sido atingido por um tijolo. Os manifestantes também quebraram os vidros de um carro de patrulha que estava vazio e atearam fogo a outro veículo oficial, disse a polícia.
"Os oficiais continuam recebendo pedradas enquanto tentam dispersar pequenos grupos de revoltosos na área de Sherman e Burleigh", disse a polícia no Twitter, acrescentando que veículos armados foram mobilizados para proteger os agentes.
Ao menos 17 pessoas foram presas.
O governador do Wisconsin, Scott Walker, ativou a Guarda Nacional no domingo, depois de coordenar ações com funcionários estatais de alto escalão.
O protesto começou, segundo a polícia, depois que duas pessoas interceptadas em seu carro fugiram a pé.
"Na perseguição, um agente abriu fogo contra um suspeito armado com uma pistola semiautomática", que morreu na hora, disse em um comunicado o Departamento de Polícia de Milwaukee.
Trata-se de Sylville Smith, de 23 anos, com uma ficha criminal volumosa, de acordo com informações oficiais, ressaltando que a pistola que carregava havia sido roubada em março.
O prefeito da cidade, Tom Barrett, disse que o suspeito recebeu dois tiros, um no peito e outro no braço.
O incidente desencadeou um protesto e durante a madrugada (de sábado para domingo) a situação se deteriorou e saiu do controle, indicou Barrett.
No início dos confrontos a multidão ateou fogo a um posto de gasolina, a um banco, a uma loja de cosméticos e a outra de peças de automóveis, disse o Milwaukee Journal Sentinel, um jornal desta cidade situada 130 km ao norte de Chicago.
"Há muita, muita gente boa que vive nesta área (...) que não quer estar diante desta violência e quer que a ordem seja restaurada", disse Barrett a repórteres enquanto pedia o retorno da calma.
Estes incidentes ocorreram em um contexto de tensões por uma série de mortes nos últimos tempos de negros desarmados em Minnesota e Louisianna.
Estas agressões também desencadearam o assassinato de vários policiais em aparentes atos de represália em cidades como Dallas, no Texas, e Baton Rouge, Louisianna.
O vereador Khalif Rainey, que representa a área de Milwaukee, na qual foram registrados os distúrbios, fez um "chamado de alerta" pela violência, diante dos problemas que os moradores negros de Milwaukee enfrentam, como a pobreza e o desemprego.
"A comunidade inteira viu e foi testemunha de como Milwaukee, Wisconsin, se converteu no pior lugar para os americanos negros viverem no país inteiro", disse.
"Perdi meu irmão. Não posso mais tê-lo. Nunca. Nunca. Isso dói. Realmente dói", disse a irmã mais nova de Smith, Sherelle, inconsolável, durante uma vigília.
"Não poderei mais olhar para meu irmão nos olhos e dizer 'te amo'. Nem mesmo tinha Facebook para dizer ao meu irmão que o amava".
O prefeito Barrett enfatizou que Smith carregava uma arma semiautomática, que é claramente visível em imagens feitas pela câmera de um policial no procedimento.
"Esta foto demonstra sem nenhuma dúvida que ele tinha uma arma na mão e quero que nossa comunidade saiba disso", disse o funcionário.
O policial que atirou em Smith também era negro, segundo o chefe da polícia de Milwaukee, Edward Flynn. Temendo por sua segurança, o oficial está fora da cidade e foi colocado em ausência administrativa, como ocorre nestas situações.
Pedindo calma, Barrett advertiu que a cidade ainda vive "uma situação muito volátil".
O presidente Barack Obama foi informado dos incidentes por um assessor, que falou com Barrett para oferecer o apoio da administração, anunciou a Casa Branca.
AFP

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