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Síria indignada com a decapitação de uma criança pelos rebeldes

14:32 | Jul. 20, 2016
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Os habitantes da cidade de Aleppo, no norte da Síria, e o principal grupo da oposição síria expressaram sua indignação depois que um dos rebeldes decapitou um menino, denunciando um "ato de ódio" em um país já arrasados pelos horrores da guerra.
O assassinato brutal, filmado e postado na terça-feira nas redes sociais, foi cometido por rebeldes islâmicos que acusaram o menino de combater nas fileiras do regime sírio de Bashar Al-Assad.
"Como podem matar uma criança desta forma?", declarou Basel Zein, um barbeiro de 25 anos que vive no bairro de Al Kalasseh de Aleppo, nas mãos dos insurgentes. A segunda cidade da Síria está dividida entre os bairros a leste controlados pelos rebeldes e as áreas do oeste, nas mãos do regime de Assad.
"Ele deveria ter sido julgado de forma justa e talvez trocado por rebeldes detidos pelo regime em vez de (ser submetido) a este ato de ódio", acrescentou.
Mohamad Badawi, imã em uma mesquita em Aleppo, disse que esta ação "é obra de criminosos. É proibido pelo Islã".
O jovem foi decapitado por membros do grupo rebelde Nuredin Zinki na parte traseira de um caminhão em uma via pública no bairro de Al-Mashhad, nas mãos dos insurgentes.
No vídeo, os rebeldes acusam a criança de pertencer às brigadas Al Qods, um grupo palestino pró-regime, e afirmam tê-lo capturado durante os combates no norte de Aleppo, onde enfrentam rebeldes e forças leais a Assad.
As brigadas Al-Qods negaram que o menino fizesse parte de seu movimento e indicaram que se tratava de um refugiado palestino de 12 anos.
Em um comunicado oficial, o grupo rebelde afirmou que a decapitação foi "um erro individual que não representa a política geral do grupo".
As pessoas envolvidas foram detidas e colocadas a disposição de uma comissão de investigação que anunciará seu veredicto "o quanto antes", acrescentou Nuredin Zinki.




O incidente macabro também foi condenado pela Coalizão Nacional Síria, o principal grupo de oposição política no exílio, que expressou sua "comoção com as horríveis cenas" e pediu que o grupo rebelde puna os culpados.
"A Coalizão [...] não endossa qualquer comportamento contrário aos princípios da revolução e as aspirações do povo sírio por liberdade, dignidade e justiça", diz o comunicado.
O grupo Nuredin Zinki, muito presente na província de Aleppo, recebeu em um determinado momento mísseis anti-tanque americanos, embora esta ajuda militar pareça ter sido interrompida em 2015.
O movimento já havia sido denunciado no início deste mês pela Anistia Internacional, que culpou os rebeldes islâmicos e jihadistas ativos na Síria de cometer crimes de guerra e de serem responsáveis "por uma onda assustadora de sequestros, torturas e execuções sumárias".
Na quarta-feira, a mesma ONG considerou que o "horrível vídeo" constitui "um exemplo sinistro das execuções sumárias de pessoas capturadas". "Esses atos constituem crimes de guerra", disse a Anistia Internacional.
Em Washington, o Departamento de Estado indicou que foi informado do incidente "horrível" e disse que poderia reconsiderar seu apoio ao grupo rebelde.
"Estamos investigando para ter mais informações", declarou na terça-feira seu porta-voz, Mark Toner. "Se for confirmado que essas alegações são fundadas, vamos examinar qualquer cooperação que temos com este grupo", acrescentou.
Nos bairros do leste de Aleppo, sitiados pelas forças do governo, os moradores acusaram o grupo Nuredin Zinki de manchar a imagem da rebelião que há cinco anos luta contra o regime de Bashar al-Assad.
Para Mohammad Mansur, morador do bairro de Al Mashhad, onde a execução ocorreu, este "é um grave erro que irá prejudicar todos os grupos rebeldes do Exército Sírio Livre", que designa os insurgentes não-jihadistas da Síria.
"Nada no Islã permite matar prisioneiros. O Islã prega que os detidos sejam bem tratados, alimentados e curados", disse ele.
Organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que todas as partes envolvidas no conflito, que começou em março de 2011 e custou a vida de mais de 280.000 pessoas, já cometeram crimes de guerra.
AFP

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