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Obama não descarta influência russa em eleições nos EUA

12:57 | Jul. 27, 2016
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O presidente Barack Obama não descartou a possibilidade de que a Rússia esteja tentando influenciar as eleições presidenciais americanas a favor do candidato republicano Donald Trump.
"Tudo é possível", disse Obama em uma entrevista à rede NBC News que será transmitida nesta quarta-feira, o maior passo já dado pelo governo dos Estados Unidos no sentido de apontar a Rússia como responsável pelo vazamento em massa de e-mails do Comitê Nacional Democrata por parte da organização WikiLeaks.
O Kremlin, por sua vez, desmentiu qualquer ingerência na campanha eleitoral dos Estados Unidos.
"O presidente (russo Vladimir) Putin disse várias vezes que a Rússia não interferiu nunca e não interferirá nos assuntos internos (de um país), sobretudo em um processo eleitoral", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em resposta a uma pergunta sobre as declarações do presidente americano.
"Se uma pessoa quer falar de suspeitas contra outro país, é preciso um mínimo de concreção e precisão. Enunciar hipóteses denota uma falta de abordagem construtiva", denunciou Peskov, destacando que Moscou fica muito atento em "evitar qualquer ação, qualquer palavra que possa ser considerada uma interferência direta ou indireta na campanha eleitoral".
Donald Trump também declarou, em resposta à polêmica, que "não tem nada a ver com a Rússia".
"Não tenho nada a ver com a Rússia", afirmou o candidato republicano em uma coletiva de imprensa em Miami. O presidente russo "disse uma coisa agradável sobre mim, disse que sou um gênio, mas nunca o conheci", explicou.
Obama disse que o FBI continua investigando o vazamento, que revelou aparentemente uma preferência do Comitê Democrata por Hillary Clinton diante de seu rival nas primárias partidárias, Bernie Sanders.
O vazamento foi muito embaraçoso para os democratas, que realizam sua convenção nacional nesta semana na Filadélfia. A campanha de Hillary afirmou que ciberespecialistas contratados sugeriram que a Rússia era a culpada pelo roubo dos e-mails e que seu objetivo era ajudar Trump.
O jornal The New York Times informou nesta quarta-feira que as agências de inteligência americanas têm agora "alta confiança" de que o governo russo está por trás do roubo dos e-mails.
No entanto, as agências não estão certas sobre se o roubo foi resultado de uma ciberespionagem de rotina ou forma parte de uma tentativa de influenciar as eleições presidenciais de novembro, disse o Times, citando funcionários federais informados.
Obama disse à NBC que não podia falar sobre os motivos precisos do roubo de e-mails, mas estava ciente dos comentários de Trump sobre a Rússia.
"Donald Trump expressou repetidamente admiração por Vladimir Putin", disse Obama em um trecho da entrevista, que será transmitida em sua totalidade nesta quarta-feira.
"E penso que Trump teve um bom apoio de cobertura na Rússia", indicou.
O presidente acrescentou: "O que sabemos é que os russos hackeiam nossos sistema. Não apenas do governo, mas dos sistemas privados".
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, ao falar na terça-feira à rede CNN, se recusou a confirmar ou negar que a Rússia fosse a fonte dos e-mails que sua organização divulgou.
"Gostamos de criar a ambiguidade máxima sobre quem são nossas fontes", expressou Assange.
Sobre as eleições americanas, o presidente americano disse ainda à NBC que tudo pode acontecer, e pediu aos seus correligionários democratas que "permaneçam preocupados até que todos os votos estejam contados".
Obama, que será o orador principal nesta quarta-feira na Convenção Nacional Democrata, foi consultado pela rede de televisão sobre se Donald Trump pode derrotar Hillary Clinton nas urnas.
"Tudo é possível", respondeu.
"Como alguém que esteve em cargos eletivos em diferentes níveis por 20 anos, vi que acontece uma série de coisas loucas, e penso que todos os que entram em uma campanha e não disputam assustados podem terminar perdendo", afirmou.
"Meu conselho aos democratas - e não tenho que dar este conselho a Hillary Clinton porque ela sabe bem disso - é que permaneçam preocupados até que todos os votos estejam depositados e contados, porque um dos riscos em uma eleição é essa gente que não leva o desafio a sério, que fica em casa e terminamos obtendo outra coisa", acrescentou.
Hillary foi proclamada candidata presidencial democrata na noite de terça-feira durante a convenção, que contou com um discurso de seu marido e ex-presidente Bill Clinton.
AFP

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