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Convenção democrata começa hoje em meio a abalo no Partido após e-mails vazados

11:10 | Jul. 25, 2016
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A imagem de unidade que os democratas pretendem demonstrar em sua convenção foi abalada no fim de semana pela divulgação de e-mails que mostraram dirigentes do partido trabalhando em favor de Hillary Clinton, em detrimento de Bernie Sanders, o senador que disputou com a ex-secretária de Estado a candidatura da legenda à presidência dos EUA.

 

Quase 20 mil mensagens trocadas por funcionários do partido foram divulgadas no sábado pelo WikiLeaks. Em uma delas, o diretor financeiro da legenda, Brad Marshall, sugeriu que os opositores de Sanders usassem seu suposto ateísmo para desencorajar eleitores a escolherem seu nome nas primárias.

 

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O teor das mensagens levou ontem à renúncia de Debbie Wasserman Schultz da presidência do Comitê Nacional Democrático (DNC, na sigla em inglês), organismo que deveria atuar de maneira imparcial durante o processo de definição do candidato da legenda. "Não sou ateu", disse Sanders ontem em entrevista à CNN. "Mas, além disso tudo, é ultrajante e triste que tivemos pessoas em posições importantes no DNC tentando minar minha campanha."

 

O candidato republicano à presidência, Donald Trump, usou o episódio para atacar o partido adversário. "Os democratas estão em total descalabro, mas a mídia tendenciosa diz que eles estão indo bem. E-mails indicam que o sistema corrupto está vivo e bem!", escreveu em sua conta no Twitter.

 

A divulgação das mensagens poderá estimular protestos de seguidores de Sanders durante a convenção democrata, que começa hoje às 17h e termina na quinta-feira na Filadélfia. Alguns dos simpatizantes do senador marcharam ontem pelas ruas da cidade com cartazes contrários à escolha de Hillary.

 

Janet Moore, do Tennessee, usava uma camiseta e buttons com o nome do senador por Vermont. Ainda assim, disse que votará na ex-secretária de Estado em novembro. "Qualquer candidato democrata é melhor do que Donald Trump", afirmou, sobre o candidato republicano.

 

Também do Tennessee, a delegada Michelle Davis disse estar decepcionada com a vitória de Hillary. Segundo ela, alguns dos seguidores de Sanders pretendem manifestar seu descontentamento na convenção. Os opositores da ex-secretária discutem a possibilidade de vaiar oradores ou virar as costas para o palco de onde eles falarão.

 

A escolha de Tim Kaine como candidato a vice de Hillary também deu fôlego aos seguidores do senador que defendem a realização de manifestações durante o encontro. O senador da Virgínia é um moderado que até a véspera de sua escolha manifestava apoio ao Tratado de Parceria Trans-Pacífico (TPP), acordo de livre-comércio rejeitado por Sanders. Após sua escolha, Kaine mudou de posição e anunciou que se oporá ao tratado.

 

Sanders disse ontem que Kaine é mais conservador do que ele gostaria, mas é "cem vezes" melhor que Trump. No fim de semana, o bilionário usou sua conta no Twitter para explorar o descontentamento dos seguidores do senador com o candidato a vice-presidente. "Os apoiadores de Sanders estão furiosos com a escolha de Kaine, que representa o oposto do que Sanders defende", escreveu Trump.

 

O bilionário tenta atrair seguidores do senador com sua retórica contra o "sistema político" e acordos de livre-comércio. Mas Sanders disse que fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a eleição de Trump. Na semana passada, ele publicou mensagens no Twitter nas quais listou suas diferenças em relação ao candidato republicano. "Aqueles que votaram em mim não vão apoiar Trump, que transformou a intolerância e a divisão em pilares de sua campanha", escreveu Sanders. "Esse cara é candidato a presidente ou a ditador?"

 

O democrata derrotado nas primárias falará na convenção democrata hoje à noite e ressaltará que a plataforma de 2016 é a mais progressista da história do partido. "Sanders deixará claro que Hillary é de longe melhor que Donald Trump em todas as grandes questões, da economia à assistência médica, da educação ao meio ambiente", disse seu porta-voz, Michael Briggs.

 

Como parte da negociação para obter o apoio de Sanders, Hillary adotou algumas das principais propostas do senador, como o aumento do salário mínimo de US$ 7,25 para US$ 15 por hora, o ensino superior gratuito para pessoas com renda familiar anual inferior a US$ 125 mil (R$ 407 mil) e a rejeição ao TPP.

 

O senador também dirá que a "revolução política" representada por sua candidatura não chegou ao fim. "Juntos, continuaremos a lutar para criar um governo que represente todos e não apenas o 1%, um governo com base nos princípios da justiça econômica, social, racial e ambiental", dirá Sanders, segundo seu porta-voz.

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