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Estudante cearense denuncia agressão por marido na Argentina

Rebeca Alves, de 18 anos, foi morar em Buenos Aires com o marido em fevereiro, após ter sido aprovada para estudar Medicina na Argentina. De acordo com ela, as agressões eram recorrentes
18:46 | Jun. 07, 2016
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
Uma estudante cearense de 18 anos alega ter sido agredida pelo marido, em Buenos Aires, na Argentina. O caso ocorreu na noite de quinta-feira, 2, por volta das 20 horas. Às 8 horas do dia seguinte, o suposto agressor já havia voltado ao Brasil. Relatos iniciais apontam que Rebeca perdeu a visão periférica.
 
Rebeca Alves e Jarbas Henrique, de 24 anos, foram morar no segundo maior país da América do Sul em fevereiro deste ano, após ela ser aprovada em Medicina na Universidade de Buenos Aires (UBA). 
 
Sem conseguir trabalho em solo argentino, o casal começou a produzir "comida brasileira", como doces e salgados, para vender na UBA. Além do dinheiro que tiravam das vendas, eles sobreviviam de uma pensão que Rebeca recebe e da ajuda de familiares dela. 
 
A jovem conta que as brigas eram recorrentes e o estopim foi a decisão de sair de casa, na última segunda-feira, 30, após mais um episódio de agressão. "Meu esposo me bateu muito. Eu já vinha sofrendo agressões físicas, mas nunca tinha contado pra minha família". Ficou "acordado" com o marido e a família que ela sairia de casa só na sexta-feira (3), "para que ele pudesse ter dinheiro para se manter". 
 
Rebeca relata que, na noite de quinta-feira, 2, véspera de sair de casa, estava com medo do comportamento "estranho" do marido e da reação que ele poderia ter. Ele teria quebrado objetos de casa e a xingado após ela pedir ajuda nas tarefas da cozinha. "Ele me agrediu com um soco no rosto. Mandou eu sair de casa. Depois ele me deu um murro na cabeça e ficou me batendo", narra. "Ele não parava de me bater. Pegou uma sacola, colocou na minha cabeça, eu consegui retirar e abrir a porta". Na sequência, ela conseguiu chamar atenção de um vizinho. "Eu estava completamente ensanguentada".
 
Conforme Rebeca, ela esperou seis horas para realizar uma denúncia civil na delegacia, mas não houve atendimento porque ela já havia aberto uma denúncia de agressão doméstica no dia 9 de abril passado. Ela foi orientada a seguir para a Delegacia da Mulher, onde fez uma denúncia penal. 
 
Nas horas seguintes, a jovem passou por três hospitais para realizar tomografias, já havia levado pancadas na cabeça. "O médico falou que os ossinhos de trás do meu globo ocular direito foram fraturados e abriu um canal entre o nariz e o olho", diz. A jovem está sendo acompanhada por médicos. Ela conta que há possibilidade de não recuperar a visão completamente.
 
"É frustrante, revoltante, porque nunca vai curar a ferida que tem dentro de mim. Eu corro risco de ficar com esse trauma pro resto da vida. Sofri humilhações pra fazer a denúncia, sofri humilhações depois da denúncia" continua. "Além da decepção, porque eu fui agredida por uma pessoa que eu amo muito. Amava muito. E eu não sofro sozinha. Minha família também está sofrendo".
 
Os familiares 
 
Segundo a tia da vítima, Fabrícia Alves, o jovem "era um pouco violento". "A gente nunca aceitou (o casamento), mas ela sempre foi uma menina de opiniões fortes, muito teimosa, acreditava que ele ia mudar", explica. A família teria pedido para Rebeca viajar sem Jarbas, já que ele não teria condições de se manter. 
 
Quando soube da agressão, Fabrícia pediu que os irmãos de Jarbas o tirassem do País. "Eu não tinha noção de Justiça, não sabia se seria bom. Só queria separar os dois naquele momento. Não percebi que dificultei a prisão dele", conta. "Nós estávamos muito nervosos, em casa. Minha mãe já tem 65 anos, tem pressão alta. Foi horrível porque a gente não tinha notícia. Nesse tempo já estávamos tentando juntar recursos pra comprar passagem e ir (para a Argentina)".
 
A versão de Jarbas Henrique 
 
O POVO Online entrou em contato com a família do rapaz, que não quis falar sobre o caso. De acordo com o advogado de defesa Renato Maia, Jarbas tem sido "alvo de ataques". Ainda segundo ele, o casal já estava "separado de corpos" quando Henrique anunciou que voltaria para o Brasil. Ele diz ainda que Rebeca "já demonstrou ter conduta agressiva" e "criou factóides" que fugiram do controle.
 
Leia a nota completa enviada pelo advogado ao O POVO Online: 
 
"Jarbas Henrique tem sido alvo de diversas formas de ataques, denúncias fundadas em meias verdades pelas redes sociais e até mesmo ameaças contra sua vida e integridade física. Sua família tem sofrido transtornos e agressões verbais que partem de pessoas que apenas tiveram contato com um lado da história que, como sabemos, sempre tem duas versões.
 
Há notícias de que sua esposa haveria denunciado Jarbas Henrique por uma suposta agressão que teria ocorrido na casa em que o casal reside em Buenos Aires, Argentina e que, após o ocorrido, Jarbas teria fugido para o Brasil. Não são raros os casos de agressões de maridos contra mulheres, mas não menos comuns são os casos de mulheres que se valem dessa proteção para denunciarem crimes que não ocorreram.As redes sociais, por sua vez, fazem importante papel na divulgação de casos como esses, mas pecam por antecipar o mérito, apontando culpados antes da colheita de provas.Há que se velar pelo compromisso com a verdade. A justiça das ruas - que funciona como verdadeiro tribunal do povo - incontáveis vezes deixa escapar importantes elementos essenciais para apuração do caso concreto.
 
O casal já havia se separado de corpos e quando Jarbas anunciou que voltaria para o Brasil, Rebeca Alves, que diante de testemunhas já demonstrou ter uma conduta agressiva, criou factoides que acabaram fugindo ao controle, desaguando nesse turbilhão de inverdades que muito tem abalado à família dos envolvidos. 
 
A defesa de Jarbas Henrique já tem tomado as medidas cabíveis, tanto em âmbito policial, quanto judicial, para prezar pela fiel colheita das provas que irão desnudar a verdade dos fatos diante de todos".

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