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Obama anuncia fim do embargo de venda de armas ao Vietnã

"Isso demonstra que as relações entre nossos dois países estão plenamente normalizadas", afirmou Tran Dai Quang.
08:21 | Mai. 23, 2016
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O presidente Barack Obama anunciou nesta segunda-feira em Hanói o fim do embargo da venda de armas americanas ao Vietnã, um dos últimos vestígios da guerra entre os dois países, encerrada em 1975.

"Estados Unidos encerram a proibição da venda de equipamentos militares ao Vietnã, em vigor há quase 50 anos", afirmou Obama em uma entrevista coletiva ao lado do presidente vietnamita, Tran Dai Quang.

O líder americano afirmou que esta decisão, exigida com insistência por Hanói, não respondia à preocupação pela posição ofensiva da China em seus diferentes litígios territoriais com países do sudeste asiático, entre eles o Vietnã.

"A decisão de acabar com o embargo não está baseada na China (...) e sim no desejo de completar o que tem sido um longo processo de normalização com o Vietnã", disse Obama.
"Isso demonstra que as relações entre nossos dois países estão plenamente normalizadas", afirmou Tran Dai Quang.

Depois do levantamento do embargo econômico americano em 1994 e da normalização das relações diplomáticas um ano depois, esta decisão tem grande importância simbólica.
Também constitui uma advertência para Pequim, que em 2014 instalou uma plataforma petrolífera nas águas reivindicadas por Hanói, o que provocou distúrbios antichineses violentos no Vietnã. A plataforma foi retirada um mês depois.

"Ainda existe certa desconfiança (contra Washington) entre a elite vietnamita, mas a presença crescente de Pequim no mar da China Meridional fez a mentalidade evoluir e contribuiu para uma aproximação mais rápida com os Estados Unidos", destaca Murray Hiebert, analista do Center for Strategic and International Studies.

Os dois presidentes permaneceram imprecisos a respeito da questão dos direitos humanos no pequeno país comunista, que é, no entanto, uma das condições do acordo.

Obama lembrou as divergências entre os dois países. O presidente vietnamita abordou rapidamente o assunto, afirmando que o regime queria "proteger e respeitar os direitos humanos", mas sem mencionar a detenção dos dissidentes.

"Obama abandonou o único elemento que restava aos Estados Unidos para pressionar o Vietnã em matéria de direitos humanos" e deu "uma recompensa que não merecia", lamentou Phil Robertson, da Ong Human Rights Watch.

Obama também tratou poucos temas internacionais e só confirmou a morte do mulá Mansur, chefe dos talibãs afegãos, em um ataque aéreo americano no Paquistão.

Seu programa é, acima de tudo, econômico, com o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP) como principal tema da visita a este país de 90 milhões de habitantes.
Obama destacou que Washington e Hanói têm muito a ganhar com este tratado de livre comércio assinado por 12 países, entre eles Estados Unidos e Japão, mas não China.

"Continuo confiante de que vamos fazer isto e a razão pela qual permaneço confiante é que é o certo", disse Obama, que espera ratificar o acordo antes de deixar a Casa Branca, em janeiro de 2017, apesar da oposição que suscita entre os candidatos para sucedê-lo, inclusive entre os de seu próprio Partido Democrata.

À margem desta visita, a companhia aérea vietnamita Vietjet anunciou a compra de 100 Boeing 737 por um valor de 11,3 bilhões de dólares.

Na capital vietnamita, esta primeira visita de Obama - a terceira de um presidente americano desde o fim da guerra em 1975 - cria muitas expectativas.
"Não havia nascido na época da guerra. Para mim, a guerra dos Estados Unidos contra o Vietnã forma parte do passado", afirma Doan Quang Vinh, de 25 anos. "Temos que olhar para o futuro", acrescenta.

A imagem dos Estados Unidos é especialmente boa no Vietnã. Segundo um estudo realizado no ano passado pelo Pew Research Centre, 78% dos vietnamitas têm uma opinião favorável dos Estados Unidos, com uma porcentagem maior entre os jovens.

Nesta visita de três dias, Obama se reunirá com o poderoso número um do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, e na quarta-feira com um grupo de jovens vietnamitas em Ho Chi Minh, antiga Saigon, a capital econômica do país.


AFP

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