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Opinião: Tudo continua possível nas primárias dos EUA

11:43 | Mar. 09, 2016
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Clinton vence no Mississipi, e Sanders, em Michigan. Do lado republicano, Trump volta a sair vitorioso. Mas nem mesmo a próxima rodada deverá definir candidatos finais, opina a correspondente em Washington Ines Pohl. E tudo continua sendo possível nas eleições primárias para a presidência dos Estados Unidos. Embora vencendo esta rodada no importante estado do Mississipi, a pré-candidata democrata Hillary Clinton teve que encarar uma surpreendente derrota para Bernie Sanders em Michigan. A derrota deve ter sido especialmente dolorosa já que, com ataques direcionados, seu adversário conseguiu debilitá-la no campo da política econômica. Michigan, com a metrópole Detroit, perdeu dezenas de milhares de empregos bem pagos nas últimas décadas. Nesse estado, os sindicatos são tradicionalmente muito fortes e seus filiados parecem acreditar que um mercado fortemente garante mais postos de trabalho nos Estados Unidos. Há muitas razões para os perdedores da globalização serem receptivos às promessas econômicas de Sanders. Os votos dos delegados que Clinton perdeu por esse motivo ainda não precisam preocupá-la. Preocupante é ela não emplacar tão bem quanto se esperava junto à classe trabalhadora branca. Não será fácil desenvolver aqui uma estratégia política que, por um lado, retire para ela votos do campo ideológico de Sanders sem, por outro lado, causar estranhamentos entre seus apoiadores no empresariado. Sanders, por sua vez, não precisa se preocupar com questões de lealdade. Fortalecido por essa vitória eleitoral, ele pode passar ao ataque frontal. Também do lado dos republicanos, a atual rodada deixou sobretudo grandes pontos de interrogação. É fato que Donald Trump colocou os adversários no seu lugar nos importantes estados do Mississippi e Michigan. Mas parece cada vez mais provável que, ao fim das primárias, ele não contará com os votos necessários para ser indicado como candidato à Casa Branca. Aí, mesmo que Trump tenha conquistado o maior número de votos entre todos os concorrentes, seu partido ainda poderia escolher um outro político. Assim, agora os matemáticos assumem a frente. As manchetes certamente especularão se é melhor Marco Rubio saltar fora ou se manter no páreo, apesar de sua provável derrota em seu estado natal, a Flórida. Ou se Trump será ainda mais prejudicado caso também siga concorrendo John Kasich, cuja vitória é tão improvável quanto a de Rubio. E vai se especular, é claro, sobre quem pode ser o dubioso salvador da pátria que, no fim das contas, vai sobrepujar Trump sem causar uma cisão no Partido Republicano. Em uma semana, a Flórida vai às urnas. Tudo indica que, também depois dessa votação, os candidatos democrata e republicano ainda não estarão definidos. Autor: Ines PohlEdição: Alexandre Schossler

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