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"Obama é mais popular em Cuba que os Castro"

15:13 | Mar. 21, 2016
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Durante passagem do presidente dos EUA pela ilha caribenha, imprensa em idioma alemão analisa motivações e efeitos do degelo entre os dois países. Visita "histórica" põe fim a uma "situação absurda", afirmam jornais. O jornal alemão Süddeutsche Zeitung destaca o valor "histórico" da passagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por Cuba. "A visita põe fim a uma situação absurda. EUA e Cuba viviam numa estranha simbiose. Washington só podia justificar sua teimosa política de boicote e embargo a Cuba que mais afetava a população do que os funcionários vermelhos argumentando que em Havana havia um grupo de comunistas supostamente perigosos", diz o periódico. "Por outro lado", prossegue o Süddeutsche, "Castro e seu séquito justificavam o aferramento ao poder e à repressão no país alegando que só eles eram capazes de fazer frente aos gringos." Agora, a visita de Obama desmascara ambos os argumentos como mitos antiquados. O diário berlinense Der Tagesspiegel tacha de "absurdo" o embargo econômico americano. "Obama entendeu que por meio de comércio e contatos pessoais se podem alcançar mais mudanças na ilha comunista do que através de pressão. O presidente dos EUA é um pragmático, não um ideólogo; ele compreendeu que os regimes autoritários necessitam de um inimigo para sobreviver. Hoje em dia, Obama é mais popular em Cuba do que os Castro." O jornal online Tagesschau atribui a melhora nas relações cubano-americanas à iniciativa do chefe de Estado democrata. "Agora cabe a Castro demonstrar que também leva a sério as mudanças." Por outro lado, "o presidente Obama não oferece a mão sem interesse pessoal". "Ele dita o seu legado e quer entrar para a história como o presidente que conseguiu dar fim a duas gerações de gelo entre os EUA e a ilha caribenha. Não lhe resta muito tempo: dentro de dez meses o 45º presidente estará ocupando a Casa Branca, e é provável que não se interesse muito por Cuba." Momento estratégico O jornal austríaco Der Standard também vê mais por trás da visita do homem de Estado do que o desejo de selar paz depois de mais de cinco décadas. "Seu passeio por Havana, uma cidade ainda comunista e, ao mesmo tempo, sedenta de investimentos capitalistas, sinaliza o suave, mas triunfal regresso dos Estados Unidos e suas ideias de mercado e democracia a toda a América Latina." Contudo, adverte o diário, se os americanos elegerem Donald Trump, esse degelo pode acabar mais rápido do que se espera. Segundo o periódico suíço Neue Züricher Zeitung, a visita de Obama teve, acima de tudo, caráter simbólico, portanto não se pode esperar que contribua para solucionar todas as diferenças entre a potência norte-americana e o vizinho caribenho. "Obama quer entrar para a história como o presidente que depôs os últimos vestígios da Guerra Fria. Para que isso não passe despercebido na agitação da campanha eleitoral, Washington planejou uma visita precoce, colocando de lado as exigências que fez a Cuba em dezembro, de avanços em matéria de direitos humanos e amostras de liberdade política." AV/dw/ots

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