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Cardeal australiano descarta renunciar após acusações de acobertar pedofilia

George Pell negou ter acobertado casos de pedofilia cometidos nos anos 70 e 80 por sacerdotes e religiosos da diocese de Melbourne
14:11 | Mar. 05, 2016
Autor O POVO
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O influente cardeal australiano George Pell, encarregado das finanças do Vaticano, descartou renunciar ao seu cargo, apesar do escândalo que atinge vários padres pedófilos em sua ex-diocese, em uma entrevista à Sky News.

O ex-chefe da Igreja católica na Austrália, que se converteu em 2014 em chefe da Secretaria de Economia da Santa Sé, negou ter acobertado casos de pedofilia cometidos nos anos 70 e 80 por sacerdotes e religiosos da diocese de Melbourne, quando era arcebispo desta cidade.

Pell, de 74 anos, depôs nesta semana ante uma comissão australiana que investiga estes casos e garantiu que não estava ciente dos abusos cometidos.

"Não, não vou renunciar. Isso seria encarado como uma admissão de culpa", disse Pell em uma entrevista à Sky News, gravada em Roma e transmitida na sexta-feira na Austrália.
"Se o Santo Padre me pedir, diria isso, mas farei tudo o que me pedir", acrescentou.

Pell considera que foi uma coincidência desastrosa o fato de cinco sacerdotes terem abusado de menores quando atuava nesta cidade.

Em 2013, a Igreja católica da Austrália admitiu ter ocultado durante décadas os abusos sexuais contra menores de idade cometidos por membros da congregação eclesiástica, e confirmou a existência de 620 casos de abusos sexuais contra menores, incluindo crianças de 7 e 8 anos, cometidos por sacerdotes desde a década de 1930.

O cardeal reconheceu no domingo após sua primeira audiência que a Igreja católica cometeu erros enormes ao ter permitido que sacerdotes estuprassem e abusassem sexualmente de milhares de crianças durante séculos.

"Não estou aqui para defender o indefensável. A Igreja cometeu erros enormes e trabalha para remediá-los", afirmou.
O Vaticano defendeu na sexta-feira sem hesitar o cardeal australiano pela defesa digna e consistente que fez de sua atitude diante dos casos de pedofilia em sua diocese, classificada, por sua vez, de insuficiente pelas vítimas do escândalo que o acusam de acobertá-los por décadas.

"Até agora só temos ouvido palavras. Precisamos passar para ações concretas, e que todo o peso da Igreja seja usado para ajudar as vítimas e para que isso não volte a acontecer", pediu na quinta-feira Anthony Foster, pai de duas meninas estupradas por um padre, após a audiência do cardeal Pell.

"Esperamos que a Igreja peça perdão e queremos reparações para as vítimas", acrescentou Foster, que viajou de Ballarat, a cidade natal do cardeal Pell, perto de Melbourne, a Roma para assistir ao interrogatório do cardeal.

AFP

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