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Mais espaço pode ser solução para o Twitter?

11:39 | Jan. 07, 2016
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Na tentativa de se tornar mais rentável, plataforma anuncia aumento do limite dos tweets de 140 para até 10 mil caracteres. Analistas divergem sobre eficácia da mudança para atrair usuários e anunciantes. Dez anos após ser lançado, o limite de 140 caracteres imposto às mensagens do Twitter pode estar perto do fim. A medida seria uma tentativa de tornar o serviço rentável e mais atraente para usuários que curtem a maior liberdade oferecida pelo Facebook e outras plataformas digitais, apontam analistas. O diretor executivo e cofundador do aplicativo, Jack Dorsey, publicou as intenções da empresa em sua conta no Twitter nesta semana, depois que o site de notícias de tecnologia Re/Code divulgou que a plataforma estava estudando aumentar o limite dos textos para até 10 mil caracteres. Dorsey escreveu que a empresa tem notado que muitos de seus cerca de 300 milhões de usuários têm incluído screenshots de longos textos nos tweets. Ele indicou que o Twitter está estudando maneiras de dar às pessoas mais espaço para se expressarem. No entanto, ele acrescentou que a imposição de um limite "inspira criatividade e concisão". "E um senso de velocidade. Nós nunca vamos perdê-lo", concluiu. Dorsey provavelmente está tentando evitar uma reação negativa de usuários de longa data do Twitter que consideram o limite de 140 caracteres sagrado. Ao mesmo tempo, ele precisa responder aos acionistas da empresa que anseiam por um público maior, o qual consequentemente geraria mais receitas de publicidade. Ações em queda Depois de um longo período de crescimento robusto, que transformou o Twitter numa das empresas mais "quentes" da internet, o desenvolvimento da plataforma desacelerou drasticamente nos últimos 18 meses. A inércia do Twitter resultou na saída do diretor executivo Dick Costolo, em julho do ano passado e, consequentemente, no regresso de Dorsey à posição de diretor executivo interino. Dorsey havia sido afastado do cargo em 2008. É cada vez maior a pressão para que Dorsey tome medidas drásticas que impulsionem o aumento de usuários, já que as ações do Twitter despencaram ainda mais, abaixo do preço inicial de 26 dólares de novembro de 2013. Ultimamente, as ações têm sido negociadas a um valor inferior a 22 dólares, quase 40% abaixo do valor registrado quando Dorsey reassumiu a chefia. Quando Dorsey ajudou a fundar o Twitter em 2006, ele impôs um limite de 140 caracteres nas mensagens para que o serviço fosse fácil de ser usado em celulares, que tinham limites de 160 caracteres em mensagens de texto na época. Essa limitação desapareceu dos celulares há vários anos, quando surgiram os smartphones e a capacidade de usar outros serviços de comunicação via internet. Mas a restrição no comprimento dos tweets permaneceu. Analistas divididos Michael Pachter, analista da Wedbush Securities, afirma acreditar que aumentar o limite de caracteres por tweet seria um "bom e pequeno passo" para atrair novos usuários e poderia ser dado sem afastar o público atual do serviço. Uma maneira de deixar o aumento menos antipático seria mostrar apenas uma parte limitada do texto nos feeds dos usuários e deixar que cada usuário decida sobre clicar para ver mais. "O Twitter está ultrapassado na mídia social, atualmente", disse Pachter. "Eles precisam fazer alguma coisa para impulsionar o uso do serviço." Segundo , Brian Nowak, analista da Morgan Stanley, a "carga já elevada de anúncios, a diminuição da participação dos usuários, o elevado preço de unidade de anúncio e o aumento da concorrência em publicidade móvel" são motivos de incerteza sobre a rentabilidade do Twitter. Dorsey, sem dúvida, tem conhecimento de tudo isso e vem tentando elaborar uma estratégia para enfrentar os desafios da empresa. Mas até agora, os planos do diretor executivo não convenceram investidores. E a pressão sobre as ações do Twitter continua. Longo caminho Com 300 milhões de usuários em comparação aos mais de 1,5 bilhão do Facebook , o Twitter não é especialmente atraente para anunciantes. Em 2015, apenas uma fração do aumento das receitas de publicidade da empresa foi atribuída a novos clientes, tendo aumentos dos preços de anúncios gerado a maior fatia dos lucros. Além disso, há mais concorrentes digitais prontos para arrebatar uma fatia do mercado publicitário mundial de trilhões de dólares o Instagram, por exemplo. O serviço de mensagens fotográficas já possui 400 milhões de usuários e eles ainda não foram "monetizados". Nos últimos anos, o Instagram se tornou mais popular entre adolescentes e adultos jovens do que o Twitter. Portanto, o Twitter não pode se dar ao luxo de ficar estagnado. "Eles [a empresa] precisam ficar maiores caso queiram construir uma plataforma de publicidade mais relevante", afirma Blake Harper, analista da Topeka Capital Markets. Autor: Thomas Kohlmann (pv)Edição: Luisa Frey

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