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Amamentar é bom para bebês, mães e economia, diz estudo

O aleitamento materno é conhecido há muito tempo por ter efeitos benéficos tanto para a saúde da criança e quanto da mãe
08:27 | Jan. 31, 2016
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A amamentação prolongada pode salvar a vida de mais de 800.000 bebês anualmente e representa uma economia de bilhões de dólares para os sistemas de saúde de todo o mundo graças ao papel de proteção contra algumas doenças infantis - é o que diz uma série de estudos publicados nesta sexta-feira, 29.
 
"Apenas uma criança de cada cinco é a amamentada até os doze meses nos países ricos, enquanto apenas uma de cada três é exclusivamente amamentada nos seis primeiros meses de vida nos países de baixa renda e média", informa a revista médica britânica The Lancet. Assim, são milhões de crianças que não beneficiam plenamente dos benefícios do leite materno, observam os pesquisadores.
 
O leite materno cobre todas as necessidades nutricionais do bebê durante os primeiros seis meses de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os seis meses e a amamentação parcial até os dois anos. De acordo com a entidade, atualmente menos de 40% das crianças em todo o mundo se beneficiam do aleitamento.
  
Além da função puramente alimentar, o aleitamento materno é conhecido há muito tempo por ter efeitos benéficos tanto para a saúde da criança e quanto da mãe.
 
A amamentação a longo prazo "poderia salvar mais de 800.000 vidas de crianças a cada ano em todo o mundo, o equivalente a 13% de todas as mortes em crianças menores de dois anos", explicam os autores, tomando como base uma série de estudos. Além disso, a amamentação poderia prevenir a cada ano a morte de 20.000 mães em decorrência de câncer de mama, afirmam. 
 
Contrariando uma "ideia falsamente e amplamente difundida", os benefícios do aleitamento não dizem respeito apenas aos países mais pobres. "Nossos trabalhos demonstram claramente que o aleitamento salva vidas e permite economizar em todos os países, ricos e pobres", escrevem os autores.  
 
Daí a necessidade, de acordo com eles, de resolver o problema a nível mundial. "Nos países ricos, a amamentação reduz em mais de um terço a morte súbita do lactente. Em países pobres ou de renda média, cerca de metade das epidemias de diarreia e um terço das infecções respiratórias poderiam ser evitadas graças ao aleitamento materno", dizem os pesquisadores.
 
A longo prazo a amamentação também ajuda a reduzir o risco de obesidade e diabetes em crianças. Para as mães, reduziria o risco de câncer de mama e câncer de ovário.
Os pesquisadores também calcularam que trazendo para 90% a taxa de aleitamento materno exclusivo até seis meses nos Estados Unidos, China e Brasil e 45% no Reino Unido, os custos de tratamento de doenças comuns da infância, tais como pneumonia, diarreia ou asma poderiam ser reduzidos.
 
Graças ao aleitamento "uma economia para o sistema de saúde de ao menos 2,45 bilhões de dólares aos Estados Unidos, de 29,5 milhões ao Reino Unido, de 223,6 milhões na China e seis milhões no Brasil" seria viável.
 
Nos países ricos, o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca têm as mais baixas taxas de amamentação de doze meses do mundo (respectivamente abaixo de 1%, 2%, 3%).
 
Com base em um estudo anterior, publicado em março de 2015, que considerou que o aleitamento materno contribui para o aumento da inteligência, mais escolaridade e, assim, melhor resultado como adultos, os autores estimam que um baixo aleitamento materno representou uma perda de 302 bilhões de dólares (0,49 % do PIB global) em 2012.
 
Os cientistas também criticam a publicidade agressiva favorável às fórmulas de substituição que minam, de acordo com eles, os esforços das autoridades para promover o aleitamento materno. "A saturação dos mercados dos países ricos levou os fabricantes a entrar rapidamente nos mercados emergentes", acrescentam. "As vendas globais de leite (de substituição) aumentaram no valor de dois bilhões de dólares em 1987 para cerca de 40 bilhões em 2014", apontam. 
 
Segundo eles, os países podem - e estão em condições - de melhorar consideravelmente a prática do aleitamento materno.  Por exemplo, no Brasil, a duração da amamentação aumentou de 2,5 meses nos anos 1974-1975 para 14 meses em 2006-2007 através de política pró-ativa de serviços de saúde e amplas campanhas de informação.
 
AFF 

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