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O efeito Marina Silva na Conferência do Clima em Paris

17:39 | 08/12/2015
Ex-ministra do Meio Ambiente critica o aumento do desmatamento e comenta a crise política. "Um poço sem fundo", diz em evento paralelo às negociações. Marina Silva foi convidada para um evento paralelo às negociações da Conferência do Clima (COP21) nesta terça-feira (08/11) para falar sobre o assunto que deu visibilidade à senadora fora do país: o combate ao desmatamento. Mas, como ex-candidata à presidência da República, ela comentou também a situação política vivida pelo país: Se ontem o Brasil achava que estava no fundo do poço, hoje vemos que estamos num poço sem fundo, definiu a sucessão de escândalos e o conflito com Eduardo Cunha que levou ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Marina defendeu a continuidade das investigações da Lava Jato e negou qualquer interesse em se lançar como candidata a uma possível eleição convocada às pressas. Eu sequer poderia ser candidata, pois ainda não tenho um ano de filiação à Rede Sustentabilidade, comentou sobre o partido fundado por ela. Apresentada à plateia como ex-ministra de Meio Ambiente e verdadeira guerreira em defesa da Amazônia, Marina criticou duramente o aumento da taxa do desmatamento no último ano. Ela subiu num momento em que a economia está paralisada. Imagine se (a economia) estivesse crescendo. Desmatamento ilegal permitido até 2020 As opiniões de Marina diminuíram a euforia do anúncio celebrado durante a COP21 de que os governos do Acre, Pará e Mato Grosso, maiores desmatadores, irão zerar o corte ilegal da mata até 2020 dez anos antes do que o prometido pelo governo federal em sua INDC, documento em que o governo se compromete junto às Nações Unidas a cortar suas emissões de gases estufa. O desmatamento ilegal não pode ser tolerado em nenhum momento. Não há espaço para tolerância da criminalidade, afirmou sob a presença do governador do Mato Grosso, Pedro Tanques, e do representante do governo do Pará, Justiniano Netto. Durante a COP21, os dois estados apresentaram os números de redução de desmatamento da floresta na última década, que contribui para que a área degradada caísse de 27 mil a 5 mil km2 nesse período. Ainda tem desmatamento porque não tem governança suficiente na Amazônia, disse Paulo Adario, do Greenpeace, à DW Brasil. Existe uma cadeia organizada de crime. A grilagem virou um negócio, a terra tem valor e o Brasil virou uma grande potência na produção de alimentos. Tem uma disputa pela terra, comentou sobre os bastidores do desmatamento. As técnicas de monitoramento e controle são importantes, mas não suficientes. Quem paga o pato são os povos indígenas, as comunidades locais. Eles são os verdadeiros donos dos recursos que provocam essa guerra, que é uma guerra desigual porque o outro lado tem dinheiro, influência política, impunidade e arma, completou Adario. Política e Código Florestal Durante a COP21, a ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, cobrou mais engajamento dos estados brasileiros no combate ao desmatamento, e disse que o governo federal está fazendo além do que a lei exige. Gastamos mais de 500 milhões de reais pra ajudar os estados a implementar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), comentou sobre o mecanismo que vai servir de base para o cumprimento do Código Florestal nas propriedades privadas. O CAR vai ser fundamental para que o governo separe o desmatamento permitido pela lei do ilegal. Um novo satélite com maior precisão de imagens, previsto para ser lançado em fevereiro, vai aumentar a vigilância sobre a cobertura vegetal das áreas, afirmou o ministério. Para Marina Silva, a divulgação desses dados para a sociedade é fundamental para dar transparência o processo e forçar a queda do desmatamento. É preciso a volta do acesso ao dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real), que hoje virou uma caixa preta, diz Silva sobre a não distribuição das informações do sistema operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A ex-ministra defendeu a revisão do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDam), que entrou em vigor em 2004. E considera o governo de Dilma Rousseff pouco interessado nas questões ambientais, que sempre provocam um debate internacional. Um governo de coalizão que não tem força de sustentação no Congresso faz com que a agenda indígena, ambiental, de direitos humanos sejam sempre colocadas como moeda de troca, resumiu. Autor: Nádia Pontes
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