Ataques aéreos da Rússia mataram civis na Síria, afirma ONG
Anistia Internacional afirma que ao menos 200 civis morreram em ataques aéreos russos e diz haver evidências de uso de bombas de fragmentação. "Isso pode ser considerado crime de guerra", afirma ativista.
A Anistia Internacional afirmou nesta quarta-feira (23/12) haver evidências de que a Rússia estaria usando bombas de fragmentação e bombas não guiadas em áreas civis na Síria. A ONG também afirmou que ao menos 200 civis morreram nos ataques aéreos da Rússia.
Um relatório da Anistia Internacional afirma que houve um aumento nos relatos de bombas de fragmentação em áreas visadas pelas forças russas depois que a Rússia passou a realizar ataques aéreos, no final de setembro.
Bombas de fragmentação liberam uma grande quantidade de projéteis ou bombas menores, de forma indiscriminada, frequentemente deixando explosivos no solo por muitos anos. Isso as torna especialmente perigosas para a população civil, mesmo depois de encerrado um conflito.
O relatório foca em seis ataques nas províncias de Homs, Idlib e Aleppo entre o final de setembro e o final de novembro, nos quais teriam morrido ao menos 200 civis. A ONG afirmou ter ouvido testemunhas e sobreviventes e analisado fotos e vídeos feitos depois dos ataques.
A Anistia Internacional acusa a Rússia de "falhar de forma vergonhosa" no reconhecimento de que houve mortes de civis. "Alguns ataques aéreos russos parecem ter mirado diretamente civis ou objetos civis ao atacarem áreas residenciais sem alvos militares aparentes e até mesmo instalações médicas, resultando em ferimentos e na morte de civis", disse o diretor do programa para o Norte da África e Oriente Médio da Anistia, Philip Luther. Segundo o relatório, uma mesquita e um mercado também foram atacados.
"Ataques desse tipo podem ser considerados crimes de guerra", afirmou. Ele exigiu que as acusações sejam investigadas por uma comissão independente.
As acusações se somam às feitas pela Human Rights Watch na semana passada. A ONG humanitária também afirmou que bombas de fragmentação foram usadas em ao menos 20 ocasiões desde que a Rússia e a Síria iniciaram suas operações conjuntas, em fins de setembro.
A Rússia nega as acusações, e moradores das áreas atingidas ou ativistas da oposição afirmam que não têm como saber com certeza se os ataques foram executados pela Rússia ou por militares do governo sírio.
Nesta segunda-feira, o porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que as operações militares do país na Síria estão em consonância com o direito internacional.
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