PUBLICIDADE
Notícias

Israel pode ser exemplo na luta contra o terrorismo

13:51 | 24/11/2015
País já foi criticado muitas vezes por suas medidas de combate ao terrorismo. Depois dos atentados em Paris, especialistas em segurança israelenses estão convencidos de que a Europa deveria aprender com eles. Alguns dias atrás, numa parada de bonde em Jerusalém, uma jovem sussurra nervosa no ouvido da vizinha de assento: "Alguém esqueceu uma bolsa lá na frente". Rapidamente, todos os olhares se voltam para o objeto suspeito. O bonde para, uma equipe de segurança se aproxima. O alívio vem dez minutos depois: não se tratava de nenhuma bomba, alguém realmente esqueceu a bolsa ao descer do bonde. O clima em Jerusalém era tenso já antes dos esfaqueamentos de israelenses por palestinos. Tudo e todos podem rapidamente se tornar suspeitos. A vigilância constante e por toda parte já virou quase rotina. Seja na entrada do supermercado, seja no cinema ou no museu, as pessoas abrem suas bolsas para a inspeção por um segurança, prestam atenção em mochilas e sacolas abandonadas, observam comportamentos possivelmente suspeitos. Apesar disso, muitos sabem que uma proteção total não é possível. "Se alguém parte para cima de mim com uma faca, eu não posso fazer nada", justifica um passante na Rua Jaffa, a situação em Jerusalém. "Embora eu tenha inteira confiança nos nossos serviços de segurança, não há como impedir algo assim." Sinal de alerta Os atentados terroristas em Paris provocaram consternação entre os israelenses. Mas eles também instigaram o debate sobre como os países europeus lidam com o terrorismo islâmico. Especialistas em segurança israelenses criticam os serviços de inteligência da Europa, principalmente da França, e afirmam que eles fracassaram. "O atentado contra o Charlie Hebdo deveria, na verdade, ter sido um sinal de alerta para a inteligência francesa", critica Ronen Bergman, especialista em inteligência e jornalista do diário Yedioth Ahronoth. "Ao longo do último ano, escutei de fontes israelenses, francesas e americanas uma descrição sombria do que o serviço de inteligência francês não conseguiu implementar desde os atentados em janeiro." Para o especialista, estava claro que novos atentados eram apenas uma questão de tempo. No nível político, as críticas duras partem especialmente da direita. A opinião corrente é de que a União Europeia não teria realmente compreendido o problema do Oriente Médio. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, compara a atual onda de violência em Israel aos atentados em Paris. "Está na hora de o mundo condenar o terrorismo em Israel da mesma forma que na França ou em qualquer outra parte", instou Netanyahu em comunicado. Diferentes ameaças terroristas No entanto, muitos especialistas em segurança são contra comparações tão simples, pois se trata de situações muito diferentes. "O tipo de terrorismo que vemos agora em Israel é um pouco diferente daquele que acontece na Europa", explica Shlomo Brom, do Instituto de Segurança (INSS) de Tel Aviv. Na Europa, "lida-se com ataques terroristas organizados e planejados por células que se identificam com o 'Estado Islâmico' e a Al-Qaeda". Em Israel, por outro lado, trata-se, atualmente, de iniciativas de agressores frustrados e isolados, ressalta Brom. Por esse motivo, as situações simplesmente não são comparáveis entre si. O ex-embaixador israelense em Berlim Avi Primor acrescenta que, como força de ocupação nos territórios palestinos, Israel dispõe de muitas outras possibilidades para combater o terrorismo e a violência. "A situação não é a mesma, os europeus não são ocupadores. Os que combatem Israel são, em grande parte, gente que quer o fim da ocupação e o surgimento de um Estado Palestino o que não tem nada que ver com a atual situação na Europa. Mas combater o terrorismo, não importa qual a origem, também é uma questão técnica. E pode-se aprender de Israel no combate imediato contra os terroristas." Melhor cooperação Principalmente na área de cooperação de segurança há o que aprender mutuamente. "Seria possível uma troca mais direcionada de diferentes técnicas do serviço de inteligência. Por exemplo para retirar mais informações das redes sociais todos esses tipos de novas fontes de que os serviços de inteligência atualmente se ocupam", propõe Brom. Essa troca também poderia abranger métodos que são praticados, por exemplo, na área de controles de fronteiras e em aeroportos. Nesse contexto, medidas como o "perfilamento étnico" são muito polêmicas. É comum o estabelecimento de um perfil com base na aparência e no nome ser visto como pura chicana por quem é submetido a interrogatório e revista com base nesses critérios. No aeroporto de Tel Aviv, isso afeta principalmente os passageiros árabes: alguns viajantes são enviados para interrogatório numa sala separada logo após sua chegada, outros nem conseguem entrar no país. "O perfilamento é algo muito controverso", concorda Brom. "Mas não existe outra forma. No entanto, pode-se garantir que ele não se torne um procedimento humilhante para quem tem de se submeter à inspeção." Autor: Tanja Krämer (ca)Edição: Augusto Valente
TAGS