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Hollande busca apoio de Putin para coalizão contra Estado Islâmico

Putin e Hollande disseram que vão intensificar e coordenar seus ataques na Síria contra o grupo Estado Islâmico

18:30 | 26/11/2015
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O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira que está disposto a cooperar na luta antiterrorista ao receber seu homólogo francês, François Hollande, que chegou nesta quinta-feira a Moscou para tentar aproximar as posições russa e americana. Após aterrissar em Moscou no começo da noite, Hollande se dirigiu diretamente ao Kremlin para se encontrar com Putin e pedir a criação de uma "ampla coalizão" para "atingir o terrorismo na medula".

"Achamos que essa coalizão é absolutamente necessária e, nisso, nossas posições coincidem", afirmou Putin, citando a necessidade de "unir os esforços contra um mal comum". "Estamos dispostos a concretizar essa cooperação", destacou o presidente russo no começo de suas negociações no Kremlin com o colega francês.

[SAIBAMAIS3]Em entrevista coletiva após o encontro, Putin e Hollande disseram que vão intensificar e coordenar seus ataques na Síria contra o grupo Estado Islâmico. "Os ataques contra o Daesh (acrônimo em árabe para EI) vão-se intensificar e serão coordenados", declarou Hollande.

Putin acrescentou que também aumentará "a troca de informações", entre outros objetivos para "estabelecer um trabalho construtivo entre nossos especialistas militares para evitar sobreposições e incidentes". A troca de informações deve servir para evitar que os bombardeios atinjam "quem luta contra o Daesh", explicou o presidente francês, referindo-se aos rebeldes moderados que combatem o regime sírio e o EI.

Hollande voltou a defender a saída do presidente sírio, Bashar al-Assad. "Bashar al-Assad não tem lugar no futuro da Síria", afirmou o presidente francês. Continuando uma intensa semana diplomática, Hollande recebeu pela manhã em Paris o chefe do governo italiano, Matteo Renzi, depois de ter-se encontrado com a chanceler alemã, Angela Merkel, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Cameron pediu nesta quinta-feira ao Parlamento britânico a entrada nos bombardeios contra o EI na Síria, alegando que Londres "não pode delegar sua segurança a outros países". No momento, os britânicos participam apenas dos bombardeios aéreos no Iraque, dentro da coalizão liderada pelos Estados Unidos nesse país e na Síria. Ao apresentar sua estratégia, Cameron descartou o envio de tropas terrestres e pediu "paciência e persistência" no combate ao grupo extremista.

Além disso, a Alemanha ofereceu à França um navio de guerra e aviões de reconhecimento e abastecimento para ajudar a participar da luta contra o EI na Síria, anunciou a ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, nesta quinta. "A França foi profundamente atingida pelos terríveis ataques do EI, mas sabemos que essa raiva desumana também pode nos atingir e (atingir) outras sociedades a qualquer momento", disse a ministra Ursula, ao anunciar o apoio militar.

Essa oferta precisa ser aprovada formalmente pelo conselho de ministros e apoiado pelo Parlamento. A coalizão de Angela Merkel tem ampla maioria na Casa. O presidente francês está mergulhado em uma maratona diplomática esta semana com o objetivo de formar uma coalizão sólida e unida contra o grupo EI, que assumiu a autoria dos atentados de 13 de novembro em Paris. Seus integrantes e supostos cúmplices, o francês Salah Abdeslam e o belgo-marroquino Mohamed Abrini, estão sendo procurados freneticamente pelas autoridades.

Nessa linha, tenta aproximar posições entre a coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o EI no Iraque e na Síria, e a Rússia, que age por conta própria em terras sírias com o objetivo de apoiar o regime de Damasco. As potências ocidentais reprovam Putin por essa estratégia e pedem que se concentre em combater o EI.

Obama expressou suas reservas a respeito das possibilidades de cooperação com a Rússia no conflito sírio, enquanto não acontecer uma "mudança estratégica" de Vladimir Putin. Essa situação transforma em algo extremamente hipotético a possibilidade de se formar uma grande coalizão incluindo Moscou.

O projeto francês de maior coordenação no combate contra o EI sofreu outro revés na terça-feira, quando a Turquia, país-membro da Otan e que integra a coalizão anti-EI liderada pelos Estados Unidos, derrubou um avião russo. Segundo o governo turco, a aeronave violou o espaço aéreo do país na fronteira com a Síria.

Apesar do clima tenso, a diplomacia russa parece estender a mão às potências ocidentais, ao afirmar que Moscou está "disposta a constituir um Estado-Maior comum" contra o EI, incluindo França, Estados Unidos e até Turquia.

AFP 

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