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Cristãos e muçulmanos são irmãos, afirma papa

10:01 | 30/11/2015
Na parte mais perigosa de sua viagem à África, Francisco visita enclave muçulmano em Bangui, capital da República Centro-Africana. País enfrenta conflito de fundo religioso há quase três anos. O papa Francisco cumpriu nesta segunda-feira (30/11) a parte mais perigosa da sua viagem de três dias à África ao visitar uma comunidade muçulmana sitiada por milícias cristãs em Bangui, na República Centro-Africana. O líder católico levou uma mensagem de reconciliação à principal mesquita da cidade, afirmando que cristãos e muçulmanos viveram em paz por muitos anos e que a religião não pode servir de justificativa para a violência. Os conflitos na República Centro-Africana começaram em 2013, quando rebeldes muçulmanos derrubaram o presidente cristão François Bozizé. No ano seguinte, quando o líder rebelde deixou o poder, começou uma violenta campanha de vingança contra civis muçulmanos. Os católicos são 37% da população local, e os muçulmanos, 15%. Nos últimos dois meses, o bairro islâmico de PK5 se transformou num refúgio para todos os muçulmanos que ainda não deixaram a capital. O local foi cercado e isolado por milícias cristãs, que não deixam os muçulmanos sair e impedem a entrada de alimentos. Francisco chegou em meio a um forte esquema de segurança ao PK5 e foi ovacionado por uma multidão enquanto passava pelas ruas de terra. O papa andou em carro aberto, apesar dos riscos de segurança. Soldados da ONU estavam de vigília em diversos pontos, incluindo os minaretes da mesquita local. Francisco insistiu em visitar o PK5 para fazer um apelo em prol da paz num país dividido pela violência religiosa, que já forçou 1 milhão de pessoas a deixar suas residências. Mais tarde, ele celebrou uma missa no estádio de Bangui. Dentro da mesquita, Francisco tirou os sapatos, inclinou a cabeça e permaneceu em silêncio no mihrab, a área do templo que está voltada para Meca, local sagrado dos muçulmanos. O papa afirmou que cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs e pediu a eles que acabem com a violência no país. "Juntos digam 'não' ao ódio, à vingança, à violência, em particular à que se comete em nome de uma religião ou de Deus. Deus é paz, salam", afirmou o pontífice, usando a saudação árabe, após um encontro com a comunidade muçulmana na mesquita. Francisco recordou que, como irmãos, cristãos e muçulmanos têm de "permanecer unidos para que cesse toda a ação que, venha de onde vier, desfigura o rosto de Deus e, no fundo, tem como objetivo a defesa dos interesses particulares em detrimento do bem comum". A visita à mesquita foi um dos pontos altos da viagem de três dias do papa pela África. Ele passou também pelo Quênia e por Uganda. AS/lusa/ap/rtr/afp
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