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Vitaminas em excesso podem fazer mal?

13:26 | 08/10/2015
Pelo consumo de alimentos naturais, uma "overdose" de vitaminas é improvável. Mas estudo recente relaciona a ingestão de suplementos ao desenvolvimento de câncer. Vitaminas são essenciais para o bom funcionamento do organismo. Elas fortalecem os ossos, os músculos, o sistema imunológico e são essenciais para o metabolismo. Boa parte das vitaminas está em frutas e legumes, mas é possível encontrá-las também em cereais, carnes, peixes e leite. No caso de uma superdosagem, porém, será que elas podem ser prejudiciais? Pelo consumo de alimentos naturais, uma "overdose" não é possível. Isso poderia acontecer no caso de uma grande ingestão de suplementos vitamínicos. Mesmo assim, é difícil determinar a partir de qual quantidade seria uma superdosagem. "Com até três vezes o valor recomendado, podemos assumir que estamos seguros. Qualquer coisa além disso é uma zona obscura", diz Hans Konrad Biesalski, professor de química biológica e nutrição da Universidade de Hohenheim, na Alemanha. A maioria dos materiais em excesso no corpo é, simplesmente, excretada, mas eles também podem levar a diarreia, tonturas ou vômitos. Pesquisadores suspeitam ainda que o consumo exagerado de vitaminas influencie o crescimento de tumores. Um estudo do Centro de Câncer da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, mostrou que o consumo de doses diárias de suplementos vitamínicos além do recomendado pode aumentar os riscos de câncer. A pesquisa começou há 20 anos com a constatação de que pessoas que comiam mais frutas e vegetais tinham menos chances de desenvolver câncer. Os pesquisadores queriam descobrir se uma dosagem extra de vitaminas e minerais reduziria ainda mais os riscos. Tim Byers, diretor associado do centro e um dos participantes da pesquisa, conta que os primeiros resultados, obtidos em animais, foram promissores. Eles passaram a estudar então, por dez anos, milhares de pacientes divididos em dois grupos: os que tomavam suplementos e o que ingeriam apenas um placebo. Mas os resultados não foram bem o que eles esperavam. "Não temos certeza do que acontece a nível molecular, mas as evidências mostram que as pessoas que tomam mais suplementos vitamínicos do que necessitam têm um risco maior de desenvolver câncer", explicou Byers. Em doses acima do recomendado, o selênio, por exemplo, ampliou o risco de câncer de pele em 25%. A vitamina E aumentou em 17% as chances de câncer de próstata. Além disso, tomar suplementos vitamínicos só é útil se o médico detectar a falta de alguma substância. Compensar um estilo de vida pouco saudável com a ingestão de suplementos tão pouco funciona. Na comida, há muitas outras substâncias, além das vitaminas, que contribuem para um corpo saudável. Byers ressalta que os resultados da pesquisa não devem deixar as pessoas temerosas com a ingestão de vitaminas: "Se tomadas na dosagem correta, suplementos vitamínicos podem ser bons para o corpo. Mas não há nenhum substituído para uma comida boa e nutritiva". Para os idosos, os suplementos vitamínicos podem ser indicados. Como eles comem menos, acabam absorvendo menos vitaminas. Além disso, com a idade avançada, todo o metabolismo é mais lento, inclusive a produção de vitamina D, feita pela pele. Regulamentação no Brasil A indústria brasileira de suplementos faturou 1,1 bilhão em 2013, segundo a Associação Brasileira de dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri). O número ainda é pequeno perto dos mais de 30 bilhões de dólar movimentados nos Estados Unidos. Quem regula o setor no Brasil é a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma portaria de 1998 determina que suplementos vitamínicos e minerais são considerados alimentos e podem fornecer até 100% da quantidade diária recomendada de forma segura. Esses valores, segundo a agência, são de 10 mg para a vitamina E e 34 mg para o selênio, por exemplo. Nos Estados Unidos, a recomendação é de 15 mg e 55 mg, respectivamente, segundo o Escritório de Suplementos Alimentares (ODS) do Instituto Nacional de Saúde.
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