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Os perigos da carne processada

11:57 | 26/10/2015
Comer bacon, salsicha ou presunto aumenta o risco de câncer, afirma a Organização Mundial da Saúde. Instituição coloca tais produtos na mesma categoria de cigarros e também alerta sobre riscos da carne vermelha. Comer carne processada, como presunto, salsicha e bacon, aumenta o risco de câncer, e a carne vermelha também pode desencadear a doença. É o que aponta um relatório da Agência Internacional de Pesquisa para o Câncer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta segunda-feira (26/10). O relatório foi compilado por 22 especialistas de 10 países, que analisaram mais de 800 estudos internacionais sobre carne e câncer. A equipe classificou a carne processada como "cancerígena para humanos", e a carne vermelha como "provavelmente cancerígena para os humanos". A análise revelou que havia "evidencias suficientes nos humanos de que o consumo de carne processada provoca câncer colorretal", informou a agência com sede em Lyon, na França. Entre as carnes desse tipo estão salsichas, carne enlatada, carne seca, molhos à base de carne, entre outros. Assim, a carne processada foi listada no grupo 1 da Iarc categoria que também inclui cigarros, amianto e fumaça de diesel. No entanto, a agência ressaltou que isso não significa que ela seja tão perigosa quanto esses elementos. "Para uma pessoa, o risco de contrair câncer ao comer carne processada continua sendo pequeno, mas ele aumenta de acordo com a quantidade de carne consumida", disse Kurt Straif, da Iarc. Cada porção de 50 gramas de carne processada consumida diariamente aumenta em 18% o risco de câncer colorretal, segundo a agência. "Tendo em vista o grande número de pessoas que consomem carne processada, o impacto global sobre a incidência de câncer é importante para a saúde pública", disse Straif. Tim Key, professor da Universidade de Oxford, afirma que a possível ligação entre carne vermelha e processada e câncer é conhecida há algum tempo. "Comer bacon de vez em quando não vai causar muitos danos uma dieta saudável tem a ver com moderação", pondera. A Iarc, no entanto, afirma que conselhos do tipo costumam ter como foco doenças cardíacas e obesidade. A agência cita estimativas do projeto internacional Global Burden of Disease, segundo as quais a cada ano 34 mil mortes por câncer ocorrem devido a dietas ricas em carne processada. Em comparação, cerca de 1 milhão de mortes por câncer ao ano são atribuídas ao tabaco, e outras 600 mil ao consumo de álcool. A carne pode ser processada de várias formas, através da salga, cura, fermentação ou defumação, mas a agência não constatou se o método de processamento afeta ou não o risco de câncer. Quanto à carne vermelha, a análise constatou "evidências fortes dos efeitos cancerígenos" do consumo do alimento principalmente no desenvolvimento de câncer de cólon e de reto, mas também no de pâncreas e próstata. A categoria inclui carne bovina, de porco, cordeiro, carneiro, cavalo e cabra. Grupos da indústria da carne criticaram o resultado, argumentando que o câncer não é causado por alimentos específicos, mas por vários fatores. Há algum tempo médicos e agências governamentais vêm alertando que uma dieta com muita carne vermelha está associada ao câncer, incluindo o de cólon e no pâncreas. Carne vermelha Não está claro ainda em que medida a carne vermelha pode aumentar o risco de câncer, mas um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, tem uma hipótese. Eles acreditam que o ácido siálico Neu5Gc, uma molécula de açúcar presente na carne vermelha, estimule um processo inflamatório no organismo, que predispõe ao desenvolvimento do câncer. O Neu5Gc é encontrado naturalmente na maioria dos mamíferos, mas não nos seres humanos. O consumo persistente de carne vermelha levaria a uma inflamação crônica que, como já se sabe, pode desencadear tumores se o sistema imunológico humano estiver constantemente produzindo anticorpos contra o Neu5Gc, uma molécula estranha ao organismo. Para testar a hipótese, os pesquisadores manipularam ratos de laboratório para que eles imitassem os humanos, ou seja, para que o Neu5Gc fosse uma substância estranha a eles também. Depois, os ratos foram alimentados com Neu5Gc e desenvolveram uma inflamação sistêmica. A formação de tumores quintuplicou e houve acúmulo de Neu5Gc nos tumores. O teste em humanos é mais complicado, mas a equipe acredita que a descoberta possa ajudar a explicar a conexão entre a carne vermelha e outras doenças agravadas por inflamações crônicas, como aterosclerose e diabetes tipo dois. AF/ap/afp/rtre
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