Merkel convoca ONU para combater causas da crise migratória
Durante cúpula das Nações Unidas, chanceler federal diz que há apenas uma maneira de conter o fluxo de migrantes: erradicar guerra e violência. "A condição essencial para um desenvolvimento segue sendo a paz", afirma.
Milhares de refugiados estão vindo atualmente para a Europa. E para enfrentar a crise migratória, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, propôs uma solução durante a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nesta sexta-feira (25/09): combater guerra e violência. E para tal, as metas de sustentabilidade das Nações Unidas são a abordagem correta.
"A condição essencial para um desenvolvimento é e segue sendo a paz", disse a chanceler federal, em discurso na cúpula, acrescentando que milhões de pessoas estão sendo forçadas a fugir devido a guerras, violência e falta de perspectivas em seus países de origem.
"Quem vê o sofrimento daqueles que deixam sua terra natal para trás e buscam proteção e esperança em outros lugares, e quem tem conhecimento de quais são os desafios enfrentados pelos países que acolhem os refugiados, sabe muito bem que há somente uma única solução: temos de combater as causas de fuga e expulsão", afirmou Merkel.
Um número recorde de refugiados das zonas de conflito no Oriente Médio e norte da África tem seguido o caminho à Europa nos últimos meses muitos deles buscando refúgio na Alemanha. Dados oficiais de Berlim estimam que aproximadamente 800 mil migrantes cheguem ao território alemão neste ano.
Segundo Merkel, as recém-adotadas metas de sustentabilidade da ONU proporcionam as soluções. A chamada Agenda Pós-2015 propicia "o cenário perfeito" para combater as causas de fuga. "As metas combinam os aspectos econômicos, ambientais e sociais do desenvolvimento", explicou. "Todos e cada um de nós deve e precisa trabalhar para implementar a agenda, para que as pessoas ao redor do mundo possam viver uma vida com dignidade."
Antes de viajar à cúpula em Nova York, Merkel se mostrou convencida de que o objetivo é alcançável. "A Alemanha possui a obrigação de investir 0,7 de seu Produto Interno Bruto (PIB) na ajuda ao desenvolvimento", disse. "Nosso orçamento para a ajuda ao desenvolvimento aumentará substancialmente a cada ano nos próximos anos."
ONU aprova 17 metas de sustentabilidade
Antes do discurso de Merkel, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou as chamadas metas de sustentabilidade (Sustainable Development Goals, em inglês). Estas incluem uma nova visão do futuro: até 2030, a comunidade internacional quer eliminar a pobreza extrema e a fome no mundo.
O total de 17 metas de desenvolvimento também visa garantir a todas as pessoas o acesso a água limpa, saneamento básico e ensino primário gratuito. "Ninguém deve ser deixado para trás", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele convidou os países-membros a implementar os objetivos: "Precisamos de ações de todos, em toda parte".
Além da cúpula da ONU, Merkel aproveitou a viagem para Nova York para marcar algumas conversações bilaterais. A chanceler federal quer discutir a crise de refugiados com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu. Recentemente, Merkel admitiu ter subestimado a dramática situação nos campos de refugiados na Turquia.
Segundo ela, é necessário coordenar estreitamente a política de refugiados com Ancara. A Turquia é atualmente o país de trânsito mais importante para os requerentes de asilo provenientes de países não europeus.
PV/dpa/afp